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OPERAÇÃO ÍCARO

Caso Ultrafarma: Justiça vê 'risco de destruição de provas' e mantém lobista preso

Celso Éder Gonzaga de Araújo é acusado de atuar como operador financeiro em esquema bilionário de liberação de créditos de ICMS, investigado na Operação Ícaro

5 setembro 2025 - 11h59
Antes da Operação Ícaro, Celso Éder Gonzaga de Araújo já havia sido alvo da Ouro de Ofir, deflagrada em 2017
Antes da Operação Ícaro, Celso Éder Gonzaga de Araújo já havia sido alvo da Ouro de Ofir, deflagrada em 2017 - (Foto: Arquivo pessoal)
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A Justiça de São Paulo decidiu manter a prisão preventiva do lobista Celso Éder Gonzaga de Araújo, acusado de integrar um esquema que teria desviado mais de R$ 1 bilhão da Secretaria da Fazenda estadual por meio da liberação antecipada de créditos de ICMS. A decisão aponta risco real de destruição de provas, fuga e tentativa de interferência nas investigações.

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Celso foi preso em 12 de agosto, durante a deflagração da Operação Ícaro, conduzida por uma força-tarefa formada por promotores do Ministério Público de São Paulo e pela Polícia Federal. Em sua casa, em Campo Grande (MS), foram encontrados R$ 1,2 milhão em espécie, além de dólares, euros, criptomoedas e pacotes de esmeraldas. Ele responde por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Esmeraldas apreendidas na casa do empresárioEsmeraldas apreendidas na casa do empresário

De acordo com as investigações, Celso atuava como elo entre empresários e auditores fiscais envolvidos na fraude. Um dos principais alvos é o auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, apontado como líder do esquema. A Justiça também identificou que Celso administrava a carteira de criptoativos do servidor, o que reforça o vínculo de confiança entre os dois.

Outro dado relevante do inquérito é que Kimio Mizukami da Silva, mãe do auditor Artur, transferiu R$ 16,7 milhões para empresas ligadas a Celso entre junho de 2022 e janeiro de 2024. Ela aparece como sócia formal da empresa Smart Tax, suspeita de ser usada para lavagem de dinheiro.

A defesa de Celso pediu a revogação da prisão alegando que ele não possui antecedentes criminais, sofre de problemas de saúde e não apresenta risco às investigações. Também argumentou que outros envolvidos, como o empresário Sidney Oliveira, da Ultrafarma, e o executivo Mário Otávio Gomes, da Fast Shop, já estão em liberdade.

No entanto, a Justiça entendeu que, mesmo com o sequestro de bens e a apreensão de documentos, ainda há risco concreto de ocultação de provas e de articulação com outros investigados. A decisão ressalta que Celso “detinha conhecimento integral dos fatos” e participou ativamente das operações suspeitas, inclusive na lavagem de dinheiro.

O esquema investigado envolvia a concessão de atendimento privilegiado a grandes empresas, com a liberação antecipada de créditos de ICMS mediante pagamento de propina. Segundo a denúncia, auditores fiscais orientavam empresários sobre como montar os pedidos e depois aceleravam a tramitação dos processos dentro da Secretaria da Fazenda.

A operação revelou que parte do dinheiro ilícito ainda estaria em posse do grupo, o que poderia facilitar a reativação do esquema. A Justiça também afirmou que o grupo criminoso tem estrutura sofisticada e capacidade de continuar agindo, mesmo com os desdobramentos legais em curso.

Situação dos investigados

Além de Celso Éder e Artur Gomes da Silva Neto, outros fiscais e empresários estão sob investigação. Embora alguns tenham sido liberados, a Justiça considerou que o papel de Celso como operador financeiro e sua ligação direta com o núcleo da organização justificam sua permanência na prisão.

O processo segue em andamento, e Celso foi formalmente denunciado na semana passada. O caso continua sob acompanhamento do Ministério Público e da Polícia Federal.

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