
A Justiça de São Paulo decidiu manter a prisão preventiva do lobista Celso Éder Gonzaga de Araújo, acusado de integrar um esquema que teria desviado mais de R$ 1 bilhão da Secretaria da Fazenda estadual por meio da liberação antecipada de créditos de ICMS. A decisão aponta risco real de destruição de provas, fuga e tentativa de interferência nas investigações.

Celso foi preso em 12 de agosto, durante a deflagração da Operação Ícaro, conduzida por uma força-tarefa formada por promotores do Ministério Público de São Paulo e pela Polícia Federal. Em sua casa, em Campo Grande (MS), foram encontrados R$ 1,2 milhão em espécie, além de dólares, euros, criptomoedas e pacotes de esmeraldas. Ele responde por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Esmeraldas apreendidas na casa do empresário
De acordo com as investigações, Celso atuava como elo entre empresários e auditores fiscais envolvidos na fraude. Um dos principais alvos é o auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, apontado como líder do esquema. A Justiça também identificou que Celso administrava a carteira de criptoativos do servidor, o que reforça o vínculo de confiança entre os dois.
Outro dado relevante do inquérito é que Kimio Mizukami da Silva, mãe do auditor Artur, transferiu R$ 16,7 milhões para empresas ligadas a Celso entre junho de 2022 e janeiro de 2024. Ela aparece como sócia formal da empresa Smart Tax, suspeita de ser usada para lavagem de dinheiro.
A defesa de Celso pediu a revogação da prisão alegando que ele não possui antecedentes criminais, sofre de problemas de saúde e não apresenta risco às investigações. Também argumentou que outros envolvidos, como o empresário Sidney Oliveira, da Ultrafarma, e o executivo Mário Otávio Gomes, da Fast Shop, já estão em liberdade.
No entanto, a Justiça entendeu que, mesmo com o sequestro de bens e a apreensão de documentos, ainda há risco concreto de ocultação de provas e de articulação com outros investigados. A decisão ressalta que Celso “detinha conhecimento integral dos fatos” e participou ativamente das operações suspeitas, inclusive na lavagem de dinheiro.
O esquema investigado envolvia a concessão de atendimento privilegiado a grandes empresas, com a liberação antecipada de créditos de ICMS mediante pagamento de propina. Segundo a denúncia, auditores fiscais orientavam empresários sobre como montar os pedidos e depois aceleravam a tramitação dos processos dentro da Secretaria da Fazenda.
A operação revelou que parte do dinheiro ilícito ainda estaria em posse do grupo, o que poderia facilitar a reativação do esquema. A Justiça também afirmou que o grupo criminoso tem estrutura sofisticada e capacidade de continuar agindo, mesmo com os desdobramentos legais em curso.
Situação dos investigados
Além de Celso Éder e Artur Gomes da Silva Neto, outros fiscais e empresários estão sob investigação. Embora alguns tenham sido liberados, a Justiça considerou que o papel de Celso como operador financeiro e sua ligação direta com o núcleo da organização justificam sua permanência na prisão.
O processo segue em andamento, e Celso foi formalmente denunciado na semana passada. O caso continua sob acompanhamento do Ministério Público e da Polícia Federal.
