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As recentes mudanças no processo para tirar ou renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que entraram em vigor na última quarta-feira (10), trouxeram alívio para muitos campo-grandenses que sonham com a carteira de motorista, mas também levantaram dúvidas quanto à segurança no trânsito. A promessa de um processo mais simples e barato, com possibilidade de aulas fora das autoescolas e conteúdos teóricos oferecidos gratuitamente pela internet, tem sido vista por parte da população como uma conquista – embora outros enxerguem riscos em tanta flexibilização.
Segundo o governo federal, as alterações podem reduzir em até 80% o custo total para se obter a habilitação, que hoje pode ultrapassar R$ 5 mil. Um dos pilares das novas regras é o fim da obrigatoriedade das aulas teóricas e práticas em autoescolas tradicionais. Agora, os candidatos podem optar por estudar com instrutores autônomos credenciados pelos Detrans ou acessar os conteúdos gratuitamente por meio do aplicativo “CNH do Brasil”, no portal gov.br.
Marinês Barbosa Barreto, 52 anos, moradora de Campo GrandeEssa mudança foi vista com entusiasmo por quem via o custo como uma barreira intransponível. Marinês Barbosa Barreto, de 52 anos, nunca tirou a CNH por falta de condições financeiras. “Eu achava muito caro, não cabia no meu orçamento. Agora estou pensando em tirar no ano que vem”, conta. A possibilidade de fazer as aulas teóricas online e gratuitamente é, para ela, uma grande ajuda: “Facilita bastante, porque nem todo mundo tem como chegar até o local para fazer”. Ela por sua vez acredita que é necessario um tempo maior de aulas praticas por considerar o trânsito algo perigoso. “Se eu tirar minha carteira, não vou dirigir no centro, porque acho muito perigoso”, comentou.
Escreva a legenda aquLeandro, 22 anos, morador de Campo GrandeA economia também é um ponto destacado por Leandro, de 22 anos, que ainda não iniciou o processo. Morador da capital, ele vê nas mudanças um avanço principalmente para quem vive em áreas mais afastadas. “Lá no interior, às vezes nem tem autoescola. Agora a pessoa pode estudar por conta própria, sem ter que gastar vindo até a cidade”, explica. Ele acredita que a redução das aulas práticas – que caíram de 20 para apenas 2 horas obrigatórias – pode funcionar, desde que o instrutor seja qualificado. “Se em duas horas você tiver um bom professor, aprende. O resto é prática e responsabilidade individual.”
Antônio Maldonado, 40 anos, morador de Campo GrandeO argumento da responsabilidade pessoal também foi apontado por Antônio Maldonado, 40 anos, que já tem a CNH. Para ele, a economia é bem-vinda, mas o papel das autoescolas ainda é importante. “Na autoescola você vai aprender. Sem isso, acho meio difícil. Mas em termos financeiros, ficou bem melhor.” Ele também considera positiva a nova regra que permite renovação automática e gratuita da CNH para motoristas que não cometeram infrações no último ano: “É um incentivo. Mas no fim, depende do caráter da pessoa. Quem é correto vai continuar sendo, com ou sem benefício”.
Escreva a legenda aquVilani Maria, 63 anos, moradora de Campo GrandeDo outro lado, há quem veja com preocupação a flexibilização. Vilani Maria, de 63 anos, não possui CNH e avalia que as mudanças podem afetar negativamente a segurança nas ruas. “Tem gente fazendo loucura no trânsito mesmo com habilitação. Imagina sem passar por autoescola?”, questiona. Ela teme que, sem o controle das instituições, instrutores despreparados passem a atuar. “Se for para mudar, que se faça com equilíbrio, e não tirando tudo de vez.”
Jonathan, 33 anos, morador de Campo GrandeJonathan, 33 anos, compartilha do mesmo receio. Ele acredita que reduzir as horas de aula compromete o preparo dos motoristas. “Com menos aula, a pessoa aprende menos. Não é só estudar pela internet, tem que ter orientação, tem que ter alguém ensinando de verdade.” Para ele, a autoescola tem papel essencial na formação e na segurança. Além disso ele destacou a importância das autoescolas na geração de empregos. "Eu fico preocupado porque essa medida pode tirar o emprego de muita gente" alertou.
A opinião é parecida com a de Kathleen Lopes, 32 anos, que vê os dois lados da questão. Por um lado, considera positiva a democratização do acesso à habilitação: “Muita gente não conseguia tirar CNH por conta do valor ou da falta de tempo para frequentar autoescola. Agora ficou mais acessível”. Por outro, entende que é necessário manter atenção à qualidade do ensino. “Se for para facilitar, que seja com responsabilidade”.
Escreva a legenda aquKathleen (Thaisa de Oliveira Lopes), 32 anos, moradora de Campo GrandeEntre elogios e críticas, o que se percebe nas ruas de Campo Grande é que a proposta do governo atinge um ponto sensível: o alto custo para obter a CNH. Para uma cidade onde o transporte público ainda enfrenta desafios e a posse de um veículo representa mobilidade e independência, as novas regras prometem abrir caminho para mais pessoas terem acesso ao documento. No entanto, o debate sobre o equilíbrio entre acessibilidade e preparo técnico continua em aberto, principalmente quando se trata de preservar a segurança no trânsito.

