
Campo Grande amanheceu, nesta quinta-feira (18), pelo quarto dia seguido sem ônibus nas ruas. A greve dos motoristas do transporte coletivo urbano começou na última segunda-feira (15) e atinge mais de 100 mil passageiros por dia, que dependem do serviço para trabalhar, estudar e acessar serviços básicos na Capital.
A decisão de paralisar foi tomada em assembleia na quinta-feira (11), com cerca de 200 trabalhadores do Consórcio Guaicurus. Eles cobram o pagamento integral dos salários que deveriam ter sido depositados em 5 de dezembro, além de verbas como 13º salário e vale mensal, também em atraso.
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Segundo a categoria, o atraso tem causado dificuldades financeiras nas famílias, que não conseguem organizar as contas sem saber quando receberão todos os valores devidos. A falta de avanço nas negociações levou à aprovação da greve por tempo indeterminado.
Mesmo com a circulação dos ônibus suspensa, a Justiça do Trabalho tem endurecido o tom contra o sindicato da categoria. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) fixou multas diárias ao STTCU (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), que foram aumentando ao longo da semana.
Na segunda-feira, a penalidade foi de R$ 20 mil. Na terça, subiu para R$ 100 mil. Nesta quinta-feira, o valor chegou a R$ 200 mil. Somadas, as multas atingem R$ 520 mil.
Nas decisões, o desembargador federal do Trabalho César Palumbo Fernandes ressaltou que as multas têm “natureza jurídica coercitiva, e não indenizatória”. De acordo com o magistrado, os valores foram definidos para “assegurar a efetividade da ordem judicial e compelir o obrigado ao cumprimento da obrigação de fazer imposta pelo Juízo”, além de reafirmar a “autoridade da decisão judicial e do próprio Poder Judiciário”.
Além das multas, a Justiça determinou intervenção no Consórcio Guaicurus, numa tentativa de garantir o cumprimento das decisões e a prestação do serviço de transporte coletivo.
Pagamento parcial não encerra a paralisação - Na tentativa de frear o movimento, o Consórcio Guaicurus informou, no fim da tarde de sexta-feira (12), que realizou o pagamento de 50% dos salários atrasados. O repasse, porém, foi considerado insuficiente pelos trabalhadores, que decidiram manter a greve.
Para a categoria, apenas metade do salário não resolve as contas em atraso nem dá garantias de quando o restante será pago, assim como o 13º e o vale mensal. Com isso, os motoristas seguem de braços cruzados, e o sistema de transporte continua paralisado.
A Prefeitura de Campo Grande, por sua vez, afirma que os repasses ao consórcio estão em dia. O impasse permanece entre a versão do Município, que diz ter feito os pagamentos, e a situação relatada pelos trabalhadores, que ainda aguardam receber integralmente o que lhes é devido.
Passageiros seguem sem ônibus e sem previsão - Enquanto sindicato, consórcio e Justiça tentam encontrar uma saída, quem sente diretamente o impacto são os passageiros. Nos terminais, como o Bandeirantes, os portões seguem fechados com cadeados nesta quinta-feira, e a cena se repete em diferentes pontos da cidade.
Sem ônibus, moradores buscam alternativas improvisadas, como caronas, aplicativos, bicicleta ou longas caminhadas. A falta de previsibilidade sobre o fim da greve aumenta a insegurança de quem depende do transporte coletivo diariamente.
Até o momento, não há indicação de acordo firmado. A continuidade da paralisação dependerá de novas negociações e do cumprimento das determinações judiciais por parte dos envolvidos.

