
A TV Brasil exibe nesta segunda-feira (3), às 23h, um episódio especial do programa Caminhos da Reportagem com o tema “A Tragédia de Mariana: dez anos depois”. A atração retorna ao cenário da maior tragédia socioambiental do país para revisitar a dor dos sobreviventes, analisar o impacto ambiental e questionar a segurança das barragens no Brasil.
Em 2015, o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, deixou 19 mortos, além de um aborto, desalojando mais de 600 pessoas nos distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana (MG). Uma década depois, as marcas ainda são profundas e os relatos, dolorosos.
“O rompimento atingiu 3 milhões de pessoas e não foi só um crime ambiental, foi uma grave violação de direitos humanos”, afirma o promotor Guilherme de Sá Meneghin, do Ministério Público de Minas Gerais.
Mônica Santos, liderança comunitária de Bento Rodrigues, revisita o que restou de sua antiga casa. “Eu entendi o que estava acontecendo quando vi que a igreja de São Bento e a casa dos meus avós não existiam mais”, relata emocionada.
Apesar do abalo, a Samarco voltou a operar em 2020, afirmando mudanças estruturais, como o uso de 80% de rejeito a seco. Para o gerente de projetos Eduardo Moreira, a empresa reconhece a dívida com a sociedade: “Precisávamos voltar de forma diferente”.
Mas o cenário ainda é de alerta. Segundo o SIGBM, o Brasil tem 74 barragens com alto risco de colapso. Minas Gerais concentra 31 delas em estado de emergência. Em Itabirito (MG), moradores vivem sob tensão diante da proximidade de novas estruturas de contenção, como a da Vale. “O muro dá uma falsa tranquilidade”, afirma o auxiliar administrativo Thiago Damaceno.
Para o geógrafo Ícaro Brito, a sensação é de vulnerabilidade imposta: “Isso foi colocado em cima da nossa cabeça”. Já o assessor da Comissão Pastoral da Terra, Gilvander Luís Moreira, denuncia o chamado “terrorismo de barragem”, usado por mineradoras para remover comunidades e expandir áreas de exploração.
O especial mostra que, dez anos depois, a cicatriz de Mariana permanece aberta. Segundo o jornalista e ambientalista Maurício Ângelo, é necessário repensar o modelo de mineração para evitar novas tragédias como Mariana e Brumadinho.
				
				
				
					
				
				
				
				
				
			

						