Grupo Feitosa de Comunicação
(67) 99974-5440
(67) 3317-7890
10 de outubro de 2025 - 17h57
DP-Barros---Parabens-MS
EXPRESSÃO

Quando o cabelo vira questão de Estado: veto em Antônio João divide opiniões

Prefeito proíbe 'dia do cabelo maluco' nas escolas e medida reacende debate sobre igualdade, expressão e o papel da escola

10 outubro 2025 - 14h27Redação
Após o decreto do prefeito Marcelo Pé que proibiu o dia do cabelo maluco nas escolas de Antônio João, imagem ilustrativa representa o ambiente escolar e a expressão criativa das crianças.
Após o decreto do prefeito Marcelo Pé que proibiu o "dia do cabelo maluco" nas escolas de Antônio João, imagem ilustrativa representa o ambiente escolar e a expressão criativa das crianças. - (Foto: Ilustração Jornal A Crítica)

Na cidade de Antônio João, no interior de Mato Grosso do Sul, o mês de outubro chegou com uma decisão inesperada. Na última quinta-feira (09), o prefeito Marcelo Pé, do PSDB, assinou o Decreto nº 479/2025. O documento proíbe que as escolas da rede pública promovam o tradicional "dia do cabelo maluco" e outros eventos que envolvam, segundo o texto, acessórios ou estilos que fujam da "naturalidade e simplicidade adequadas ao ambiente escolar".

Canal WhatsApp

O argumento usado foi o de proteger as crianças de possíveis constrangimentos. A justificativa fala em “equilíbrio entre liberdade e neuroproteção”. Desde então, a medida se espalhou pelas redes sociais e dividiu opiniões de pais, educadores e moradores.

Para alguns, a decisão faz sentido. Eles dizem que a escola deve investir em atividades mais educativas e culturais. “Adorei. As pessoas se preocupam demais em diversão. Eu já prefiro acrescentar atividades educativas”, escreveu uma mulher. Outra comentou que “escola é para alfabetizar” e que quem quiser festa “que faça aniversário em casa”.

Outros viram no decreto um alívio financeiro. Houve quem argumentasse que nem todos os pais podem arcar com os custos extras de fantasias, tinturas e adereços. “Infelizmente temos desigualdade. Nem todos podem gastar com isso”, comentou uma mulher.

Mas, de outro lado, a reação foi de frustração. Muitos viram a proibição como exagerada, e que ela tira das crianças momentos de alegria e descontração. “Tem tanta coisa mais importante para proibir. Vão tirar a alegria das crianças?”, questionou uma mãe. Outro comentário dizia que o evento aproxima famílias. “Aqui em casa, até nós adultos voltamos a ser crianças ajudando meu filho com a fantasia.”

O decreto não se limita aos cabelos coloridos. Ele também veda a realização de eventos que, na visão da prefeitura, possam causar ridicularização, discriminação ou desvirtuamento dos objetivos educacionais. A arrecadação de dinheiro para festas ou atividades comemorativas também está proibida, a não ser que faça parte do plano pedagógico da escola, com base na legislação de inclusão e respeito à diversidade.

Apesar do tom firme, o prefeito reconheceu que a medida não prevê punição para pais que mandarem os filhos com penteados coloridos. “Se o pai ou a mãe quiser fazer isso com o filho fora da escola, aí já não é uma responsabilidade do município”, afirmou.

Na prática, o decreto limita as ações das instituições públicas, mas não interfere diretamente nas escolhas das famílias. A prefeitura quer deixar claro que a escola deve manter um ambiente neutro e respeitoso, sem elementos que possam, segundo o texto, expor ou constranger.

O "dia do cabelo maluco" surgiu como uma atividade lúdica nas escolas, promovida como forma de estimular a criatividade e a autoestima das crianças. Mas, em um município de pouco mais de 8 mil habitantes, a brincadeira acabou ganhando ares de política pública.

A medida abriu uma discussão mais ampla sobre inclusão, desigualdade social e os limites da escola como espaço de expressão. Para alguns, um penteado pode ser apenas uma brincadeira. Para outros, pode ser o reflexo de um abismo entre quem pode e quem não pode brincar.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop

Deixe seu Comentário

Veja Também

Mais Lidas