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CLIMA E SUSTENTABILIDADE

COP30 será vitrine global para soluções climáticas desenvolvidas no Brasil, diz CEO do evento

Ana Toni afirma que país deve aproveitar conferência para mostrar protagonismo em energias renováveis, agricultura sustentável e financiamento verde

7 agosto 2025 - 16h35Caroline Aragaki
Ana Toni afirma que COP30 será chance do Brasil mostrar soluções escaláveis para crise climática e liderar agenda de implementação global.
Ana Toni afirma que COP30 será chance do Brasil mostrar soluções escaláveis para crise climática e liderar agenda de implementação global. - Foto: Reprodução

Durante participação no painel "O que esperar da COP30 no Brasil?", realizado nesta semana na São Paulo Climate Week, a CEO da COP30, Ana Toni, destacou que o Brasil tem uma oportunidade única com a conferência do clima da ONU para mostrar ao mundo que é capaz de oferecer soluções concretas e escaláveis no combate às mudanças climáticas.

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Para ela, a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025, deve servir como uma vitrine global do que o país já está fazendo em áreas como agricultura regenerativa, agrofloresta, bioeconomia e energias renováveis. “O Brasil deve usar a conferência para mostrar que pode ser um grande provedor de soluções”, afirmou Toni.

Soluções brasileiras em destaque

A CEO ressaltou que a ideia é construir um legado claro: quais soluções o Brasil já implementou com sucesso e que podem ser replicadas em outras partes do mundo. “Queremos sair da COP30 com o entendimento de que é possível escalar as práticas brasileiras em outras regiões”, destacou.

Esse protagonismo está diretamente conectado à imagem do país na geopolítica climática. Além das ações práticas, Toni também apontou que o evento é a oportunidade de reforçar a credibilidade internacional do Brasil ao mostrar comprometimento com metas de redução de emissões e com o cumprimento dos acordos climáticos assinados nas COPs anteriores.

Meta de financiamento: US$ 1,3 trilhão

Outro ponto considerado estratégico por Ana Toni é a mobilização de recursos. O Brasil, junto ao Azerbaijão – país-sede da COP29 –, trabalha na construção de um documento que indicará caminhos para levantar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático. Essa meta foi definida na COP29, e os resultados devem ser apresentados em Belém.

“Queremos deixar como legado essa discussão de como é possível mobilizar esse montante de forma realista. O financiamento climático é um dos maiores gargalos para a implementação das soluções já conhecidas”, avaliou.

Clima é economia, e o mundo está atrasado

Toni frisou que o clima não é mais um tema restrito ao meio ambiente. “Hoje, é uma questão econômica, de desenvolvimento e de crescimento”, afirmou. Segundo ela, o Brasil e o mundo precisam reconhecer que já estão atrasados em relação à adaptação das estruturas produtivas e sociais para lidar com os efeitos da crise climática.

Ela mencionou setores como energia, agricultura, infraestrutura e logística como exemplos de áreas que precisam passar por uma “revolução” no modo como se relacionam com a natureza. “Estamos em um momento de adaptação. E todos os setores devem entender essa urgência.”

COP30 e a agenda de ação

A executiva também reforçou que a conferência no Brasil pretende ser uma "COP de implementação", dando continuidade aos compromissos firmados em edições anteriores. “Nosso foco é avançar em uma agenda de ação. Precisamos sair da COP30 com decisões concretas sobre como implementar as metas e acordos já traçados”, disse.

Toni ressaltou que não se trata apenas de negociar novos compromissos, mas de valorizar os acordos internacionais existentes e criar mecanismos reais para tirá-los do papel. “É hora de menos promessas e mais prática”, resumiu.

Desafios logísticos e legado para o país

Além das pautas climáticas, a COP30 traz também um desafio logístico relevante para o Brasil. A escolha de Belém, na Amazônia, tem caráter simbólico, ao colocar o bioma no centro das discussões globais. Ao mesmo tempo, exige grande esforço de infraestrutura e organização.

Ana Toni, no entanto, vê esse cenário como oportunidade. “Queremos que a COP deixe um legado real para a região. Seja em mobilidade, saneamento, hospedagem ou conectividade. A presença da conferência pode acelerar transformações importantes para a cidade e para a população local”, disse.

Urgência como palavra de ordem

A fala de Toni reflete o momento atual da agenda climática internacional, em que o discurso da urgência ganha cada vez mais força. A expectativa é que, ao sediar a COP30, o Brasil assuma uma liderança mais assertiva nas negociações, sem abrir mão de cobrar dos países desenvolvidos o cumprimento de suas obrigações históricas no financiamento e suporte às nações em desenvolvimento.

“Não estamos apenas discutindo metas futuras. Estamos lidando com consequências reais que já estão acontecendo agora. A COP30 precisa refletir esse senso de emergência”, finalizou Ana Toni.

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