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25 de setembro de 2025 - 17h50
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EDUCAÇÃO

Mais de 4 milhões de alunos têm atraso escolar no Brasil, aponta Unicef

Distorção idade-série afeta 12,5% dos estudantes; desigualdades raciais e de gênero agravam o cenário

25 setembro 2025 - 14h50
Estudantes com atrasos representam 12,5% das matrículas no país, segundo o Unicef
Estudantes com atrasos representam 12,5% das matrículas no país, segundo o Unicef - (Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília)

O Brasil tem 4,2 milhões de estudantes com dois anos ou mais de atraso escolar, o que representa 12,5% das matrículas da educação básica em 2024, segundo análise do Unicef com base no Censo Escolar. Apesar da redução em relação a 2023 (13,4%), o índice ainda preocupa.

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O estudo mostra que a distorção idade-série atinge principalmente estudantes negros (15,2%) e meninos (14,6%), índices quase o dobro dos registrados entre brancos (8,1%) e meninas (10,3%). Para o Unicef, esses números revelam desigualdades estruturais e fragilidade no acolhimento escolar.

“A gente precisa entender o fracasso escolar como resultado de diversos fatores sociais, e não como responsabilidade exclusiva do aluno”, explica Julia Ribeiro, especialista em educação do Unicef. Ela destaca que o sentimento de não pertencimento à escola pode levar ao abandono.

Segundo pesquisa do Unicef com o Ipec, um terço dos adolescentes acredita que a escola "não sabe nada" sobre sua vida pessoal e familiar. Para Julia, esse distanciamento contribui para a desvinculação do aluno e dificulta o combate ao atraso escolar.

Dados do IBGE mostram que 44% dos brasileiros com 25 anos ou mais ainda não concluíram o ensino médio. Embora o número esteja em queda, a conclusão do ensino básico é essencial para melhores salários e mais oportunidades. Segundo a OCDE, ter ensino superior mais que dobra a renda no Brasil.

Para enfrentar esse cenário, o Unicef desenvolve a estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar, em parceria com o Instituto Claro e apoio da Fundação Itaú. A iniciativa busca apoiar redes públicas na elaboração de políticas voltadas à permanência e ao sucesso escolar.

“A educação é a chave para a transformação social. Conhecer os desafios é o primeiro passo para superá-los”, afirma Daniely Gomiero, vice-presidente do Instituto Claro.

Apesar dos avanços, os dados mostram que combater o atraso escolar exige mais do que reduzir números: é preciso transformar a relação entre escola e estudante.

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