
A BR-163, que corta Mato Grosso do Sul de Sonora a Mundo Novo, já foi chamada de "rodovia da morte" pelos altos índices de acidentes fatais. Mas, ultimamente, o que tem chamado atenção não são apenas os números da tragédia, mas os valores arrecadados pela CCR MSVia, concessionária responsável pelo trecho: R$ 229,2 milhões em pedágios em 2024, sem que as promessas de duplicação tenham saído do papel.

Diante desse cenário, o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) resolveu levar o problema para Brasília. Ele protocolou um pedido de convocação do ministro dos Transportes, Renan Filho, para que explique a situação da rodovia e as medidas que serão tomadas para garantir melhorias. Além disso, enviou requerimentos de informação ao Ministério dos Transportes, questionando quais ações de fiscalização estão em curso para cobrar da concessionária as obras pendentes.

A CCR MSVia está em processo de repactuação do contrato com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), o que permitirá que continue administrando a BR-163 por mais 30 anos. O novo acordo prevê investimentos de R$ 9,3 bilhões, além da antecipação das obras de duplicação para os próximos cinco anos.
O problema é que essa concessão já começou com promessas não cumpridas. No contrato original, assinado em 2014, a empresa se comprometeu a duplicar 806 km da BR-163 até 2019. O que foi entregue? Apenas 150 km. Desde então, os prazos foram empurrados para frente, enquanto os valores do pedágio seguem cobrados religiosamente.
A pressão sobre a CCR MSVia aumentou depois que o TCU (Tribunal de Contas da União) autorizou a continuidade da concessão, condicionando a elevação do pedágio – que pode chegar a R$ 15 por praça – à efetiva realização das obras. A empresa tem 120 dias para apresentar um plano de investimentos convincente.
A repactuação gerou críticas, principalmente do setor de transporte rodoviário. Caminhoneiros e empresários apontam que pagar pedágio sem ver a duplicação avançar é um dos maiores problemas da rodovia. Entre janeiro e outubro de 2024, foram registrados 709 acidentes e 57 mortes no trecho concedido à CCR. O pedágio, a rodovia e a conta que não fecha.
O Ministério dos Transportes ainda não se manifestou oficialmente sobre o requerimento do deputado. Mas os usuários da BR-163, que convivem com buracos, pistas estreitas e trechos inacabados, aguardam uma resposta há muito mais tempo.
