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CONFLITO EM GAZA

Bombardeios israelenses deixam 63 mortos e agravam crise humanitária na Cidade de Gaza

Israel retoma ofensiva na região em meio a críticas internacionais e impasse sobre proposta de cessar-fogo com o Hamas

24 agosto 2025 - 14h30Redação O Estado de S. Paulo
Fumaça é vista após um ataque israelense na Cidade de Gaza, em meio ao conflito contínuo entre Israel e o grupo terrorista Hamas
Fumaça é vista após um ataque israelense na Cidade de Gaza, em meio ao conflito contínuo entre Israel e o grupo terrorista Hamas - Foto: Omar Al-qattaa/AFP
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A madrugada deste domingo (25) foi marcada por novos bombardeios israelenses na Cidade de Gaza, que deixaram pelo menos 63 mortos e destruíram dezenas de casas e prédios em bairros do norte do território palestino, segundo informou o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

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A ofensiva ocorre em meio à intensificação dos combates e ao impasse sobre uma proposta de cessar-fogo, já aceita pelo Hamas, mas que ainda aguarda aprovação formal de Israel, que exige condições específicas para interromper a guerra iniciada em outubro de 2023.

Entre os mortos confirmados está uma criança no bairro de Sabra, além de 16 pessoas em Khan Younis e outras 22 que aguardavam ajuda humanitária no sudeste do território, segundo médicos locais.

Bairros sob fogo intenso

Testemunhas relataram explosões contínuas durante toda a madrugada nos bairros de Zeitoun, Shejaia, Sabra e Jabalia, todos no norte da Faixa de Gaza. Tanques israelenses atacaram ruas e casas, e prédios inteiros foram destruídos.

A cidade de Jabalia, foco da nova ofensiva, segundo o Exército israelense, é alvo de ações para “desmantelar túneis” e impedir a rearticulação do Hamas.

“A operação permite a expansão do combate para novas áreas e impede que terroristas voltem a operar nelas”, afirmou o comando militar de Tel Aviv.

Reféns, fome e deslocamentos

O novo avanço acontece em meio a críticas da comunidade internacional, inclusive de aliados de Israel, que temem pela vida dos reféns sequestrados pelo Hamas no ataque de 7 de outubro e ainda mantidos em cativeiro em Gaza.

O plano militar de tomar a Cidade de Gaza foi aprovado mesmo após alertas do chefe do Exército israelense, Eyal Zamir, que advertiu o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sobre os riscos à vida dos reféns.

O Ministro da Defesa, Israel Katz, endureceu o discurso neste domingo: “Gaza será arrasada se o Hamas não aceitar os termos de Israel e libertar todos os reféns.”

Do outro lado, o Hamas respondeu em comunicado que a ofensiva mostra que Israel não está comprometido com o cessar-fogo, que, segundo o grupo, é a única forma de viabilizar a libertação dos sequestrados.

Trégua em negociação

A proposta de cessar-fogo prevê:

  • Trégua de 60 dias

  • Libertação de 10 reféns vivos e 18 corpos por parte do Hamas

  • Israel libertaria cerca de 200 prisioneiros palestinos

O plano também prevê a abertura de negociações por uma trégua permanente assim que o cessar-fogo for iniciado. O impasse, no entanto, persiste.

Deslocamento forçado e fome extrema

Os ataques forçaram milhares de civis a deixar suas casas novamente, segundo a ONU. Muitos carregavam seus pertences em carrinhos improvisados, enquanto outros diziam já não ter forças nem recursos para fugir.

“Parei de contar quantas vezes tirei minha esposa e três filhas de casa”, disse Mohammad, 40 anos, à Reuters. “Nenhum lugar é seguro. Mas não posso correr o risco.”

Aya, 31 anos, com uma família de oito pessoas, decidiu permanecer em casa: “Que nos bombardeiem aqui. Não temos dinheiro para sair nem para comprar barraca. Estamos com fome, medo e sem dinheiro.”

Fome atinge níveis alarmantes

Segundo um grupo internacional de monitoramento da fome, a Cidade de Gaza e áreas próximas já enfrentam oficialmente a fome — e o cenário deve piorar. Israel nega a avaliação e limita a entrada de ajuda humanitária desde o início do conflito.

O Ministério da Saúde de Gaza informou neste domingo que o número de mortes por fome e desnutrição chegou a 289 pessoas, sendo 115 crianças. Israel contesta os dados.

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