
Empresas como Meta, Microsoft, Amazon e OpenAI são apontadas pelo sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira como peças centrais em conflitos armados e na expansão do poder militar global. Em novo livro, ele argumenta que a tecnologia serve não apenas ao desenvolvimento civil, mas também ao controle, vigilância e violência em áreas de guerra como Gaza.

Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC, destaca que os chamados oligopólios digitais deixaram de ser simples prestadores de serviço para se tornarem parte integrante das estratégias militares dos Estados Unidos. Segundo ele, a Inteligência Artificial (IA), aliada ao processamento massivo de dados, permite que governos conectem ações em campo com decisões globais de poder.
O livro As big techs e a guerra total: o complexo militarindustrialdataficado traz denúncias de que tecnologias de IA têm sido usadas por exércitos para identificar, mapear e atacar alvos a partir de dados civis. Um dos exemplos mais fortes citados é a Faixa de Gaza, onde, segundo o autor, houve uso intenso desses sistemas para identificar pessoas como “suspeitas” com base em perfis obtidos via redes sociais, empresas de telecomunicações e imagens geoespaciais.
Ainda de acordo com Amadeu, executivos de big techs foram integrados ao novo destacamento militar dos EUA (“Destacamento 201”), alcançando patente militar, o que reforça a fusão entre empresas de tecnologia e aparato de guerra.
O sociólogo alerta para os perigos da dependência de tecnologia estrangeira, especialmente quando arquivos públicos ou dados estratégicos são geridos por empresas estrangeiras. Ele sustenta que isso pode expor o Brasil a pressões legais ou geopolíticas externas.
No dia 7 de setembro, o governo brasileiro lançou a Nuvem Soberana, em parceria com Serpro e Dataprev, para armazenar dados públicos em infraestrutura controlada pelo Estado. Amadeu considera esse passo positivo, mas critica que ainda não é suficiente frente à escala e às ambições das empresas dos EUA.
