
O Banco Central (BC) fechou nesta sexta-feira o Banco Rural, instituição financeira envolvida nos repasses de propinas a políticos aliados do governo Lula no escândalo do mensalão. O BC informou que tomou a decisão porque o banco estava com a situação econômico-financeira comprometida e podia acumular ainda mais prejuízos. Todas as empresas ligadas ao grupo foram incluídas na medida. O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) garante até R$ 250 mil para cada correntista (por CPF ou CNPJ) em razão de perdas motivadas por problemas da instituição financeira.
O Banco Rural terminou com apenas um quarto do valor patrimonial que tinha antes do escândalo, estourado em 2005. Em março de 2013, o grupo detinha apenas 0,07% dos ativos e 0,13% dos depósitos do sistema financeiro.
Com a liquidação extrajudicial do Rural, os bens de 18 controladores e ex-administradores ficaram imediatamente indisponíveis, inclusive os de réus condenados no processo do mensalão. Foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado, Kátia Rabello, ex-presidente e dona do Rural; José Roberto Salgado, ex-vice-presidente; e Vinicius Saramane, ex-diretor. A ex-executiva do Banco Rural Ayanna Tenório foi absolvida.
A garantia do FGC
A garantia é válida para depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio, depósitos em contas-correntes de depósito para investimento; depósitos de poupança; depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado; depósitos mantidos em contas não movimentáveis por cheques destinadas ao registro e controle do fluxo de recursos referentes à prestação de serviços de pagamento de salários, vencimentos, aposentadorias, pensões e similares; letras de câmbio; letras imobiliárias; letras hipotecárias; e letras de crédito imobiliário.
O FGC é uma entidade privada criada em 1995 para ser um mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores. O fundo permite a recuperação dos depósitos ou créditos mantidos em instituição financeira em caso de falência, insolvência ou liquidação extrajudicial
Envolvimento no mensalão
No ano passado, ex-dirigentes do Banco Rural foram julgados e condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no esquema do mensalão.
Kátia Rabello pegou 16 anos e 8 mees de prisão e foi condenada a pagar multa de R$ 1,5 milhão por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão fraudulenta e formação de quadrilha. A pena de prisão de José Roberto Salgado foi fixada no mesmo tempo de Kátia, além de multa de R$ 1 milhão pelos mesmos crimes. Saramane pegou 8 anos e 9 meses e multa de R$ 598 mil por lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Ayanne Tenório foi considerada inocente de todos os crimes.
O Supremo entendeu que a acionista e ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os ex-vice-presidentes José Roberto Salgado e Vinícius Samarane foram responsáveis por conceder empréstimos fictícios ao PT e ao grupo de Marcos Valério, apontado como o operador do mensalão, para pagamento de propina a políticos da base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Todos recorreram da condenação, mas os recursos só vão começar a ser julgados no dia 14 de agosto.
A ex-vice-presidente Ayanna Tenório foi absolvida por falta de provas.

