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ATENÇÃO NAS RUAS

Aumento dos óbitos de ciclistas intensifica necessidade de Maio Amarelo no Estado

Mato Grosso do Sul possui a maior taxa do centro-oeste em óbitos e acidentes contra ciclistas

27 maio 2021 - 17h22Larissa Adami
BPTran acredita que ciclistas correspondam a um terço do acidentes em Campo Grande
BPTran acredita que ciclistas correspondam a um terço do acidentes em Campo Grande - (Foto: Reprodução)

Em março, a morte prematura da acadêmica Emanuelle Aleixo Gorski, 21, impactou campo-grandenses em razão da falta de segurança e respeito nas vias públicas. Ela faleceu após traumatismo craniano quando um veículo bateu na lateral de sua bicicleta ao fazer um retorno para o Parque dos Poderes. No intuito de conscientizar a população quanto a essa violência, a campanha Maio Amarelo é primordial no Estado que ocupa a sétima posição em óbitos e colisões contra ciclistas.

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Fundador da Associação Esportiva FireBikers Team, Joilson Santos de Paula, 51, lamenta a morte da jovem em nome do grupo. “Para nós foi mais um capítulo triste para os ciclistas em geral, mas mais do que isso, é uma tragédia para família e amigos próximos que não terão sua presença em suas vidas. Ela não foi mais um número estatístico de vida perdida no trânsito e sim a Emanuelle”, declara.

A estudante de Direito Emanuelle Gorski  A estudante de Direito Emanuelle Gorski - (Foto: Redes Sociais)

Segundo dados do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran), já foram três mortes este ano. Os números vêm caindo desde 2019, que registrou nove mortes e em 2020 com quatro mortes. Ainda sim, apesar da diminuição de óbitos desse público, nota-se que a mortalidade nos primeiros cinco meses do ano aproxima-se perigosamente do registro total do ano anterior. Ademais, a tenente Zélia da Conceição não descarta um possível aumento de ciclistas envolvidos dentro dos 1.260 acidentes com vítimas de trânsito registrados em 2021.

“Não há dados que especifiquem a que grupo os feridos pertencem, mas com o aumento da frota de bicicletas desde 2018, os ciclistas devem corresponder um terço desses acidentes. A opção da bicicleta elétrica é outro ponto importante que, por ser barata e acessível, se torna mais presente no tráfego. Não há uma legislação específica no município para elas, é por isso que o Maio Amarelo é tão importante, onde os órgãos de trânsito buscam conscientizar o cumprimento das regras para uma harmonia nas vias da cidade”, relata a tenente.

Com o slogan “Depois que acontece, não tem desculpa! Respeito e responsabilidade salvam vidas”, a campanha deste ano, criada pelo Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), já realizou desde o início do mês diversas ações entre lives e demais encontros presenciais na Capital com apoio de grupos de ciclismo.

O FireBikers tem participado de diversas ações promovidas para a harmonia no tráfego. “Participamos de todos os eventos que nos convidam. Participaremos do Pedal Legal II no próximo domingo, dia 30, com apoio da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Também estávamos presentes em evento do Detran, no Parque dos Poderes, que, por meio de uma simulação, mostrou os riscos aos ciclistas quando os veículos não respeitam a distância adequada”, explica o fundador.

Ação do Detran no Parque dos PoderesAção do Detran no Parque dos Poderes - (Foto: Arquivo pessoal)

A área interditada para a simulação não deixa de ser estratégica uma vez que concentra a maior taxa de acidentes de Campo Grande. De acordo com o BPTran, só em 2021, foram 113 acidentes na Afonso Pena e 50 na Mato Grosso. A colisão envolvendo a ciclista Emanuelle também foi na mesma região.

A morte da jovem gerou forte comoção, principalmente pelas equipes de ciclismo que realizaram um pedal percorrendo o trecho do impacto em sua homenagem, buscando também uma maior visibilidade quanto ao problema. Alexandro Medeiros da Silva, 27, integrante do Pedal do Poodle, expõe sua sensibilidade ao caso.

“Parte do grupo esteve presente na manifestação realizada no local do acidente. Vemos ainda muitos outros casos, como também a do jovem Maikon, que morreu recorrente de um acidente de bike na área rural da Santa Mônica, perto da saída para Sidrolândia, de menor repercussão na mídia, mas que gerou muita comoção aos colegas e amigos de pedal e que igualmente acabaram em vítimas fatais. O ciclista é sempre o mais frágil”, lamenta.

Para Joilson, o Maio Amarelo, junto a outras campanhas, representa a oportunidade de intensificar a conscientização da população para as questões no trânsito. “É preciso empatia e a humanização das estatísticas de acidentes de trânsito. Precisamos chamar atenção sobre como a impaciência e a intolerância refletem nas atitudes das pessoas quando estão dirigindo”, finaliza.

BASE LEGAL - Por lei, o Código de Trânsito Brasileiro garante a segurança do ciclista na via e prevê infração e penalidade aos motoristas, nos artigos 201 e 220.

“Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinquenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta: Infração – média; Penalidade – multa.

Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito: (…) XIII – ao ultrapassar ciclista: Infração – gravíssima; Penalidade – multa”.

Para mais informações sobre a campanha Maio Amarelo, entre em contato com o BPTran pelo número 3313 - 1909, com a AGETRAN (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) no 3314 - 3400, ou ainda com o Detran - MS (Departamento Estadual de Mato Grosso do Sul) pelo 3368 - 0500. Ambos os órgãos também disponibilizam atendimento por suas plataformas digitais.

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