
Na última quinta-feira, 29 de agosto, o pequeno município de Inocência, em Mato Grosso do Sul, foi palco de uma audiência pública que pode moldar o futuro da região. Organizado pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), o evento aconteceu em um formato híbrido: algumas dezenas de pessoas se reuniram no Espaço Conviver, enquanto outras acompanhavam a transmissão ao vivo na Câmara de Vereadores de Selvíria, a alguns quilômetros dali, ou mesmo de suas casas, pelo YouTube. Ao todo, foram 110 presentes e cerca de 250 espectadores online, todos ali para ouvir sobre algo aparentemente técnico, mas profundamente humano: o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da nova linha de transmissão de energia elétrica que vai ligar Inocência a Selvíria.

Por trás do discurso técnico, o que está em jogo é bem mais que fios e postes. A linha de transmissão é uma veia pulsante do Projeto Sucuriú, um empreendimento colossal que vai erguer em Inocência uma fábrica de celulose branqueada, um dos produtos mais valiosos e controversos do setor florestal. Quem está por trás do projeto é a Arauco, uma gigante multinacional com raízes chilenas, que se apresenta como líder mundial na produção de celulose e madeira.
Energia e celulose: uma nova fase para Inocência - A audiência foi marcada por discursos cautelosos e, ao mesmo tempo, carregados de otimismo. A Arauco, juntamente com os engenheiros da STCP, empresa de consultoria contratada para conduzir os estudos de impacto, apresentou o RIMA detalhando os efeitos ambientais, sociais e econômicos da construção da linha de transmissão. No centro da narrativa, a promessa de desenvolvimento econômico e geração de empregos, palavras que, em lugares como Inocência, soam como música para os ouvidos.
Mas não se trata apenas de números. Durante a audiência, ficou claro que o projeto mexe com a vida das pessoas. De acordo com Luis Felipe Fernandes Busnardo, especialista em Meio Ambiente da Arauco, o objetivo da empresa não é apenas construir, mas construir com responsabilidade. “Nosso propósito é garantir que todas as etapas do projeto sejam conduzidas com o máximo de responsabilidade ambiental e social. Estamos sempre abertos a ouvir a população e construirmos juntos as soluções para cada desafio, garantindo o cuidado com o meio ambiente”, declarou Busnardo, enfatizando o compromisso da empresa com a transparência e o diálogo.
Entre fios e florestas: o impacto além das palavras - A promessa da Arauco é envolvente. Além dos impactos econômicos, a empresa vem investindo na construção de uma narrativa de responsabilidade social e ambiental. Desde que chegou a Mato Grosso do Sul, em 2009, a Arauco tem buscado se aproximar da comunidade. Isso não é apenas uma estratégia de relações públicas; é uma necessidade. Para construir uma fábrica de celulose do porte do que está sendo planejado, é preciso que a comunidade esteja a bordo.
A empresa criou o programa “Bom Vizinho – Comunidade Unida, Mundo Melhor”, que vai além das fronteiras das propriedades da Arauco. Por meio dele, equipes da empresa visitam as fazendas vizinhas, levando informações, tirando dúvidas e, sobretudo, tentando construir um laço de confiança com os moradores locais. Afinal, são eles que terão seus horizontes transformados por torres de transmissão e pela nova fábrica.
Para garantir que a população esteja sempre informada e tenha um canal direto de comunicação, a Arauco disponibilizou uma linha de atendimento, o SAC Arauco, onde os moradores podem ligar para esclarecer dúvidas sobre o Projeto Sucuriú e outros assuntos relacionados. Além disso, a empresa mantém um canal de denúncias para assegurar que qualquer problema seja rapidamente abordado.
O futuro que se desenha para Inocência - O Projeto Sucuriú, com sua nova linha de transmissão, representa uma grande transformação para Inocência. Até 2025, ano previsto para a inauguração da fábrica de celulose, a paisagem da cidade vai mudar consideravelmente. As promessas são grandes, mas também o são os desafios. Não se trata apenas de instalar torres de transmissão; trata-se de integrar uma infraestrutura colossal à vida de uma comunidade.
A Arauco sabe disso e tenta, a todo custo, alinhar suas operações com o que promete ser um futuro sustentável. A empresa, que já é reconhecida globalmente por suas certificações ambientais, parece estar ciente de que, em tempos de mudanças climáticas e de atenção crescente ao meio ambiente, o sucesso de um empreendimento como o Projeto Sucuriú não será medido apenas pelo quanto ele produz, mas também por como ele impacta as pessoas e o planeta.
No final, a audiência pública foi mais que uma formalidade. Foi um momento em que a comunidade de Inocência pôde começar a vislumbrar o que o futuro reserva, e a Arauco teve a oportunidade de mostrar que, além de energia e celulose, está disposta a construir uma nova fase para a cidade, com a promessa de desenvolvimento alinhada à responsabilidade.
