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GUERRA

Ataque a igreja deixa ao menos 34 mortos na República Democrática do Congo

Rebeldes ligados ao Estado Islâmico invadiram igreja católica em Komanda; corpos serão enterrados em vala comum

27 julho 2025 - 16h35
Pessoas se reúnem ao redor dos restos carbonizados de um veículo queimado após um ataque mortal em Komanda, província de Ituri, no leste do Congo, domingo, 27 de julho de 2025
Pessoas se reúnem ao redor dos restos carbonizados de um veículo queimado após um ataque mortal em Komanda, província de Ituri, no leste do Congo, domingo, 27 de julho de 2025 - Foto: Olivier Okande/AP

Um ataque brutal a uma igreja católica na madrugada deste domingo (27) deixou pelo menos 34 mortos na cidade de Komanda, na província de Ituri, no leste da República Democrática do Congo. A ação foi atribuída a rebeldes da Força Democrática Aliada (ADF), grupo armado ligado ao Estado Islâmico, que invadiu o local por volta da 1h da manhã.

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Segundo Dieudonne Duranthabo, coordenador da sociedade civil local, os agressores incendiaram casas e lojas, além da igreja onde ocorreu o massacre. As imagens que circulam nas redes sociais mostram corpos espalhados no chão e estruturas em chamas. Muitas vítimas ainda não foram identificadas.

Os corpos das vítimas ainda estão no local da tragédia, e voluntários estão se preparando para enterrá-los em uma vala comum no complexo da igreja”, disse Duranthabo à agência Associated Press (AP).

Violência se espalha por outras vilas

Pouco antes do ataque em Komanda, pelo menos cinco pessoas foram assassinadas em uma vila próxima chamada Machongani, também na província de Ituri.

Testemunhas relataram que diversos moradores foram sequestrados e levados para a floresta pelos rebeldes. “Eles levaram várias pessoas para o mato; não sabemos seu destino ou o número exato de desaparecidos”, afirmou Lossa Dhekana, outro líder da sociedade civil da região.

Os agressores estavam armados com rifles e facões, e segundo autoridades locais, partiram de um reduto do grupo ADF localizado a cerca de 12 quilômetros de Komanda. As forças de segurança chegaram ao local somente após a fuga dos militantes.

Duranthabo criticou duramente a atuação do Estado, destacando que "todos os oficiais de segurança estão presentes na cidade", mas ainda assim o ataque foi possível. “O inimigo ainda está perto de nossa cidade. Precisamos de uma intervenção militar imediata”, alertou.

Histórico de violência

A província de Ituri, assim como outras regiões do leste da República Democrática do Congo, tem sido alvo constante de ataques por parte de grupos armados como a ADF e o movimento rebelde M23, este último apoiado por Ruanda, segundo acusações do governo congolês e organizações internacionais.

A ADF surgiu no fim dos anos 1990 em Uganda, reunindo pequenos grupos opositores ao presidente Yoweri Museveni. Após uma ofensiva das Forças Armadas de Uganda, o grupo migrou para o Congo em 2002, onde expandiu suas atividades. Desde então, já foi responsável pela morte de milhares de civis, especialmente em ataques contra comunidades vulneráveis.

Em 2019, o grupo jurou lealdade ao Estado Islâmico, intensificando o padrão de violência com execuções, sequestros e ataques sistemáticos a vilarejos. A ONU já classificou alguns desses episódios como crimes contra a humanidade.

Dificuldades no combate

O Exército da República Democrática do Congo (FARDC) tem enfrentado grandes dificuldades para conter o avanço da ADF, que atua em áreas de difícil acesso e muitas vezes se beneficia da ausência de presença estatal efetiva.

Além disso, o país lida com diversas frentes de conflito armado, incluindo confrontos com o M23, o que sobrecarrega as forças nacionais e limita a capacidade de resposta.

Neste mês, um representante da ONU descreveu um ataque da ADF na região como um verdadeiro “banho de sangue”. A atuação do grupo desafia não só o governo congolês, mas também a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Congo (MONUSCO), que tem previsão de retirada gradual do país.

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