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A tarde desta segunda-feira (27) foi marcada pela pressão e re-união da classe produtrora rural de Mato Grosso do Sul, que em audiência pública convocada para discutir o conflito entre fazendeiros e índios no Estado, tem no plenário da Assembleia Legislativa de MS, uma maioria esmagadora de fazendeiros das areas de conflitos, bem como de diversas regiões de MS. Praticamente não há representantes da classe indigena ou trabalhadores rurais sem terra.
Embora tenha sido convidado para a audiência, segundo a deputada Mara Caseiro (PTdoB), que propôs a reunião junto com Zé Teixeira (DEM), a Funai não mandou nenhum representante à reunião. O único índio presente foi o vereador Aguilera de Souza, de Dourados, que fez um pronunciamento tímido diante da presença maciça de produtores rurais. “Índios estão brigando por uma causa justa, mas todos são irmãos”, declarou o indígena da tribuna.
Assim, sem o debate do contraditório, o que ocorreu foram os discursos reforçando a defesa da propriedade, do “estado de direito” e a cobrança por medidas que retirem famílias indígenas de áreas invadidas no Estado. Mas também há faixas que pedem “demarcação justa e pacífica”.
A deputada Mara Caseiro, lembrou que ao fim das discussões de hoje, os deputados esperam chegar a um documento que será levado à Brasília e apresentado à ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, em reunião já marcada para amanhã (28) em Brasília. “Ninguém é contra os índios. Mas há alguns grupos que são incitados pela Funai e pelo CIMI a invadir terras”, lembra sobre o conflito em Sidrolândia, onde índios terena estão acampados na fazenda do ex-deputado Ricardo Bacha já há quase três semanas.
Falta esclarecimento e mediação
Um dos únicos representantes dos indígenas nos debates, o vereador Aguilera de Souza, disse que tudo tem que ser melhor esclarecido e mediado. “Os políticos deveriam intermediar melhor essa questão. A sociedade acha que os indígenas estão mal intencionados. Isso não é verdade. No futuro, essa indefinição, vai gerar conflitos maiores se não for resolvida a questão”, reclama.
A Funai é um dos alvos preferidos durante a audiência inclusive, com os índios no ataque. “A Funai tem de ser reestruturada, alguns funcionários estão distantes das questão indígena”, avalia o vereador Aguilera.
O maior impasse sobre as demarcações, conforme argumento dos fazendeiros, é a impossibilidade da União pagar pelas terras, caso ocorra as demarcações, porque o governo não pode reaver as terras para devolver aos índios e ao mesmo tempo pagar pelo que já passaria a ser da União.
Para o professor Hildebrando Campestrini, o problema todo é o debate “passional”. “Todo mundo esta movido pela paixão e o governo federal está bem perdido. Não é por ai”.
