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TIROTEIO EM NOVA YORK

Atirador que matou quatro em Manhattan errou o alvo e pretendia atacar sede da NFL

Prefeito de Nova York revela que o atirador buscava a NFL por acreditar sofrer de doença cerebral ligada ao futebol americano

30 julho 2025 - 06h49Redação, O Estado de S. Paulo
Um homem armado matou 4 pessoas, incluindo um policial de NY e uma executiva da Blackstone, antes de tirar a própria vida.
Um homem armado matou 4 pessoas, incluindo um policial de NY e uma executiva da Blackstone, antes de tirar a própria vida. - (Foto: Reprodução)

O prefeito de Nova York, Eric Adams, afirmou nesta terça-feira (29) que o homem responsável por um ataque a tiros em um edifício de luxo em Manhattan, que deixou quatro mortos, tinha como alvo principal a sede da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL), localizada no mesmo prédio. Segundo Adams, o atirador entrou no elevador errado antes de cometer os assassinatos.

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O suspeito foi identificado como Shane Tamura, um ex-jogador de futebol americano no ensino médio, que apresentava histórico de distúrbios mentais. Ele viajou de Las Vegas a Nova York com o fuzil M4 usado no crime e chegou ao local no início da noite de segunda-feira (28), conforme mostram imagens de câmeras de segurança.

Um bilhete encontrado na carteira de Tamura indicava que ele culpava a NFL por acreditar ser portador de encefalopatia traumática crônica (CTE), doença degenerativa associada a repetidos traumas na cabeça, comum entre atletas de esportes de contato. A condição só pode ser confirmada após a morte.

No bilhete, classificado pelas autoridades como "incoerente", o atirador pedia que seu cérebro fosse examinado. Ele também mencionava o ex-jogador Terry Long, do Pittsburgh Steelers, que morreu por suicídio em 2005 após matar quatro pessoas e ingerir anticongelante.

O massacre ocorreu em um arranha-céu em Manhattan que abriga a sede da NFL e da empresa de investimentos Blackstone. Uma das vítimas era a executiva Wesley LePatner, de 43 anos, funcionária da Blackstone. Outro morto era um policial de folga que prestava serviço de segurança para uma empresa instalada no prédio.

De acordo com a polícia, Tamura estacionou uma BMW em fila dupla, desceu armado com o fuzil e cruzou uma praça até a entrada do edifício. Ao entrar, começou a atirar no saguão, matando o policial e atingindo uma mulher que tentava se esconder. Em seguida, ele matou um segurança no balcão de vigilância e outra pessoa no térreo, antes de subir ao 33.º andar, onde ficam os escritórios da Rudin Management, dona do prédio, e matar mais uma vítima. Após os disparos, ele tirou a própria vida.

As investigações apontam que Tamura sofria de problemas psiquiátricos e havia trabalhado como segurança em um cassino em Las Vegas. Registros públicos mostram que ele possuía permissão para atuar na função. Ele não tinha filiação partidária conhecida.

O ataque reforça o debate sobre os efeitos do futebol americano na saúde mental de seus praticantes, principalmente em relação à CTE, condição frequentemente ligada a comportamentos violentos e episódios de depressão. Ainda não se sabe se o cérebro de Tamura será, de fato, analisado por especialistas.

O ex-presidente Donald Trump comentou o ocorrido, classificando a ação como um "ato de violência sem sentido" cometido por um "lunático".

Já a governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul, defendeu a aprovação de uma legislação federal que proíba armas de assalto, como o fuzil M4 utilizado no ataque. “O povo americano está cansado de pensamentos e orações. Eles merecem ação”, afirmou Hochul, ao pedir que o Congresso aprove medidas mais rígidas de controle de armas.

Apesar dos frequentes massacres nos Estados Unidos, propostas de controle de armas, especialmente as de uso militar, enfrentam resistência no Congresso americano. Um dos principais obstáculos é a Segunda Emenda da Constituição dos EUA, que garante o direito dos cidadãos de possuir e portar armas.

O lobby armamentista também exerce forte influência sobre legisladores. Mesmo tragédias com grande repercussão, como o massacre na escola de Sandy Hook em 2012, onde 20 crianças e oito adultos foram mortos, não resultaram em mudanças significativas na legislação federal.

O episódio em Manhattan reacende o debate sobre o acesso fácil a armamentos de alto calibre e os impactos da falta de tratamento de saúde mental no país.

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