
Com o aumento dos casos de intoxicação por metanol no Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) intensificou ações para assegurar a oferta do antídoto fomepizol, medicamento essencial no tratamento desses casos. A medida inclui o acionamento de agências reguladoras internacionais e a publicação de um edital emergencial para identificar fornecedores com disponibilidade imediata do produto.

Segundo a agência, o objetivo é “garantir o atendimento aos pacientes no menor tempo possível”. Até agora, há 59 casos sob investigação: 53 em São Paulo, cinco em Pernambuco e um no Distrito Federal.
Busca internacional por fornecedores - A Anvisa entrou em contato com órgãos reguladores de diversos países — como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Canadá, China, entre outros — para checar a aprovação do fomepizol em seus mercados. Isso pode agilizar o processo de avaliação e compra, já que produtos aprovados nesses locais são considerados seguros e eficazes.
Além disso, foi publicado um edital direcionado a fabricantes e distribuidores internacionais para acelerar a aquisição do medicamento em caráter de urgência.
A iniciativa foi motivada por um ofício enviado pelo Ministério da Saúde, solicitando a ação imediata da agência reguladora.
Alternativa emergencial com etanol farmacêutico - Diante da escassez do fomepizol, a Anvisa também estuda o uso emergencial de etanol grau farmacêutico como alternativa terapêutica. O produto pode ser manipulado por farmácias e laboratórios autorizados.
“A agência realizou um levantamento nacional dessas farmácias e está pronta para adotar medidas regulatórias que viabilizem a produção do etanol manipulado, caso essa estratégia seja aprovada pelo Ministério da Saúde. Foram identificadas 604 farmácias de manipulação aptas”, informou a Anvisa.
Análises laboratoriais reforçadas - Para confirmar casos de contaminação, a Anvisa está coordenando com laboratórios da Rede Nacional de Vigilância Sanitária a coleta e envio de amostras suspeitas.
Três unidades já estão aptas a realizar as análises: o Lacen do Distrito Federal, o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
A agência também articula com os Ministérios da Justiça e da Agricultura para ampliar a capacidade de testagem no país.
“As orientações para envio de amostras pelas Vigilâncias Sanitárias estaduais e municipais serão divulgadas em breve”, destacou a Anvisa.
Sinais de alerta e o que fazer em caso de intoxicação - O Ministério da Saúde orienta que qualquer suspeita de ingestão de metanol deve ser tratada como emergência médica.
Nos primeiros momentos, os sintomas podem parecer com os de embriaguez: fala arrastada, perda de reflexos e confusão mental. Entre 12 e 24 horas após a ingestão, o quadro pode evoluir para náuseas, vômitos, tontura, dor abdominal e fraqueza.
Casos mais graves podem afetar o sistema nervoso central, com risco de perda de visão — um dos sinais mais preocupantes da intoxicação por metanol.
Quem procurar atendimento deve relatar ao médico que consumiu bebida alcoólica e descrever a situação com o máximo de detalhes: local, tipo de bebida, se havia rótulo e o horário da ingestão. “O ideal é que o paciente relate, por exemplo, se esteve em uma festa antes de procurar atendimento no SUS”, reforça o Ministério da Saúde.
