
Há trajetórias que mudam de rumo sem jamais deixar de seguir em frente — e a de Amanda Monteiro é uma delas. Formada em Artes Visuais pela UFRGS e pósgraduada em cerâmica na Espanha, ela iniciou carreira artística nos anos 1980. No entanto, a vida a levou para o Direito após a perda precoce do marido. “Eu nunca deixei de fazer arte. A arte nunca saiu da minha vida, mas agora, aposentada do Direito, posso exercer exclusivamente minha vocação inicial”, conta Amanda.
A partir de estações difíceis — como sequelas da Covid19 — surge o que ela chama de “renascimento” artístico. “Com muita fé e gratidão superei as sequelas da Covid, transmutando esse período sombrio num convite à esperança e à ânsia de expressar as cores da vida em alegria e luminosidade a cada pincelada”, relata.
Sua exposição “Passeio da Alma”, aberta no Museu da Imagem e do Som (Campo Grande) (MIS), em Campo Grande, foi prorrogada até o dia 10 de novembro. A mostra apresenta telas em que o uso intenso das cores marca a busca por luz após a sombra: o diálogo entre tons revela a capacidade humana de transformar o que foi dor em epifania.
Ela explica: “As cores são um fascínio na minha vida desde sempre”. O público confirma: já são mais de 500 visitantes, muitos deles relatando experiências pessoais de impacto emocional. “Ele me contou que havia servido em missão no Haiti e que aquela pintura o transportou para aquele tempo. Foi tocante ouvir seu relato”, lembra Amanda.
Além do impacto individual, a mostra assume também um viés educativo. Escolas têm levado crianças e professores para visitar a exposição e participar de oficinas criadas pela própria artista. “Acredito que o viés educativo seja de fundamental importância, pois as crianças começam a ter contato com processos criativos capazes de despertar e desenvolver suas habilidades sensoriais. É um mundo novo para elas”, afirma.
Em meio a tudo isso, Amanda reafirma sua convicção espiritual. “O que posso dizer com toda a certeza é que sem Deus não somos nada. Sou muito grata pela vida que me tocou viver e pelo caminho de superação que Deus me proporcionou. Esse novo ciclo me oferece a oportunidade de compartilhar a minha arte e transmitir uma mensagem de esperança para todos.”
Com quase 70 anos, ela vive um momento de plenitude criativa e assistencial. Depois de décadas conciliando o Direito e as artes, agora se dedica em tempo integral ao ateliê, preparando novas séries de pinturas e planejando futuras exposições. “O que mais quero é transmitir o que sei para as gerações futuras. Ensinar é uma das maiores alegrias que a vida pode nos oferecer”, conclui.
A exposição permanece em cartaz até 10 de novembro, com visitação gratuita de segunda a sextafeira, das 7h30 às 17h30, no MIS – Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, Centro, Campo Grande (MS).


