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EDUCAÇÃO

Alunos do Sesi Dourados levam pesquisa sobre quilombolas à final da Febrace

Projeto sobre saúde odontológica é o único da Rede Sesi MS na maior feira científica do país

29 janeiro 2025 - 13h45Da redação
Pesquisa sobre saúde odontológica em quilombos leva alunos do Sesi Dourados à final da Febrace, a maior feira científica pré-universitária do país.
Pesquisa sobre saúde odontológica em quilombos leva alunos do Sesi Dourados à final da Febrace, a maior feira científica pré-universitária do país. - (Foto: Divulgação)

No Brasil, a cada quatro pessoas, uma não vai ao dentista. Entre as comunidades quilombolas, o número é ainda mais preocupante. Foi com essa realidade em mente que Meg Evelyn e Diego Miguel, alunos do ensino médio da Escola Sesi de Dourados, decidiram transformar um dado alarmante em pesquisa científica. O resultado? O único projeto de Mato Grosso do Sul a chegar à final da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), a maior competição científica pré-universitária do país.

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Com o estudo “Uma Análise da Saúde Odontológica em Comunidades Quilombolas do Brasil”, os jovens pesquisadores analisaram os desafios que essas populações enfrentam no acesso a tratamentos dentários. A orientação veio dos professores Yuri Além e Lucas Rodrigues, que ajudaram a estruturar o levantamento e a compreender as barreiras geográficas, culturais e estruturais que dificultam a assistência odontológica.

O caminho até a final não foi fácil. Em 2024, a Febrace recebeu mais de 2 mil projetos inscritos, dos quais apenas uma pequena parcela foi selecionada para a fase final. Agora, os alunos do Sesi Dourados irão para São Paulo, onde, em março, apresentarão sua pesquisa na Universidade de São Paulo (USP), concorrendo a prêmios e a uma possível vaga para representar o Brasil em feiras internacionais.

Para a diretora da Escola Sesi de Dourados, Rose Liston, a conquista é um reflexo do esforço e da dedicação dos estudantes. “Eles não apenas trouxeram um tema relevante, mas deram visibilidade a um problema negligenciado. Esse projeto tem um impacto que vai além da Febrace”, afirma.

A pesquisa também levanta uma questão importante: o atendimento odontológico ainda é um privilégio no Brasil. Em muitos quilombos, a primeira consulta de um morador pode acontecer apenas na vida adulta. “O que vemos são pessoas que, por falta de acesso, acabam recorrendo à extração como única solução, quando poderiam ter um tratamento preventivo”, explica o professor Yuri Além.

Desde sua criação, em 2003, a Febrace já premiou centenas de jovens pesquisadores, impulsionando carreiras e abrindo portas no mundo acadêmico e profissional. Agora, Meg e Diego seguem para a reta final da disputa, carregando na bagagem não apenas uma pesquisa bem fundamentada, mas um olhar crítico sobre a desigualdade no acesso à saúde no Brasil.

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