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MEIO AMBIENTE

Operação conjunta e capacitação auxiliam na prevenção de incêndios em MS

Na ação piloto, em área de preservação estadual, foi realizada a queimada controlada de 14 hectares do parque, onde serão plantadas espécies nativas como parte do plano de recuperação de áreas degradadas

4 julho 2023 - 09h00
O Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema foi o local escolhido para uma ação inédita de manejo integrado do fogo
O Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema foi o local escolhido para uma ação inédita de manejo integrado do fogo - (Foto: Bruno Rezende)

Para garantir segurança aos biomas de Mato Grosso do Sul e evitar incêndios florestais de grandes proporções no Pantanal e Cerrado – como os que ocorreram em 2019 e 2020 –, o Governo do Estado realiza trabalho pioneiro, integrado e preventivo, que envolve o Corpo de Bombeiros Militar e o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).

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O Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema foi o local escolhido para uma ação inédita de manejo integrado do fogo com o apoio do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) – por meio do PrevFogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) e brigadistas –, e da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Além de atuar para evitar possíveis catástrofes naturais e contribuir para a recuperação do bioma a ação também serviu para o treinamento das equipesAlém de atuar para evitar possíveis catástrofes naturais e contribuir para a recuperação do bioma a ação também serviu para o treinamento das equipes

Na ação piloto, em área de preservação estadual, foi realizada a queimada controlada de 14 hectares do parque, onde serão plantadas espécies nativas como parte do plano de recuperação de áreas degradadas.

“Esta é a primeira iniciativa do Governo do Estado em realizar o manejo integrado do fogo nas unidades de conservação. É uma forma de evitar os grandes incêndios florestais que acontecem nessas áreas, fazendo esse manejo, que o fogo ele se torne como a gente chama, um ‘fogo bom’, que vem na temperatura adequada e que não vai trazer problemas para o solo, vegetação e fauna”, explicou Leonardo Tostes Palma, gerente de Unidades de Conservação do Imasul.

Leonardo Palma pontua a importância da queimada controlada para o parqueLeonardo Palma pontua a importância da queimada controlada para o parque

Além de atuar para evitar possíveis catástrofes naturais e contribuir para a recuperação do bioma a ação também serviu para o treinamento das equipes – bombeiros militares e brigadistas – que atuam em parques estaduais, municipais e terras indígenas, no combate aos incêndios florestais em todo o Estado.

“Esse treinamento no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema é uma das atividades de prevenção e combate a incêndios em Mato Grosso do Sul. É uma iniciativa conjunta com várias entidades. O Estado se articula dentro de um comitê, principalmente para executar ações que vão prevenir e mitigar consequências dos incêndios florestais. A gente capacita os profissionais do Corpo de Bombeiros, a população local, proprietários, e levamos orientação e técnicas de combate a incêndio florestal”, afirmou a tenente-coronel Tatiane Inoue, chefe do Centro de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar de MS.

A tenente-coronel Tatiane Inoue comandou o treinamento

O trabalho foi realizado entre quarta-feira (28) e sexta-feira (30) e nesta semana será replicado no Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari. As unidades de conservação são criadas para proteger o meio ambiente, e com isso a tendência é que nestes locais exista maior quantidade de matéria orgânica, combustível para as queimadas.

“A gente está aplicando o fogo prescrito, uma ferramenta do manejo integrado do fogo, que é um conjunto de ações para conseguir manter a unidade de conservação segura, e sem ocorrência de grandes incêndios florestais. Então a braquiária também é um fator de perigo para incêndio florestal porque ela acumula muita biomassa, e num evento de fogo descontrolado, isso vai servir como um propago para todas as áreas do parque”, explicou o doutor em Biologia Vegetal e professor da UFMS, Geraldo Alves Damaceno Júnior.

Geraldo Damasceno, doutor e professor da UFMSGeraldo Damasceno, doutor e professor da UFMS

O plano é que a área, até então, tomada por braquiária, receba mudas de árvores nativas nos próximos meses. “Esta é uma área de conservação, e a gente tem algumas espécies que são exóticas e invasoras dentro no parque. No caso a braquiária, que é usada como pasto, aqui ela é um problema. Então o método que está sendo usado para tirar desse ambiente é a queima. Mas depois outros métodos vão ter que ser aplicados para proporcionar o crescimento de outras mudas que vão ser plantadas”, disse o professor da UFMS.

Prevenção - A queima controlada da área no parque reflete o momento atual de planejamento e preparação do Estado para evitar incêndios florestais de grandes proporções e mitigar possíveis prejuízos ambientais, caso eles ocorram em Mato Grosso do Sul.

“Depois dos incêndios ocorridos em 2019 e a temporada de 2020, que foi severa para os incêndios florestais aqui no Estado, esta articulação tomou força. Nós programamos este tipo de atividades antes mesmo que o fogo aconteça, em períodos que são mais amenos”, pontuou a tenente-coronel Tatiane.

Além do treinamento, o Estado investe em monitoramento, tecnologia e equipamentos, o que contribui para prevenção e redução de danos. “Temos uma sala de situação que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana dentro do Centro de Proteção Ambiental e lá nós fazemos o monitoramento diário dos possíveis incêndios florestais”, disse o tenente Alexandre de Oliveira, especialista em Engenharia Ambiental.

A queima controlada da área no parque reflete o momento atual de planejamento e preparação do Estado para evitar incêndios florestais de grandes proporçõesA queima controlada da área no parque reflete o momento atual de planejamento e preparação do Estado para evitar incêndios florestais de grandes proporções

“Esse treinamento é importante porque ele é mais um instrumento dentro do manejo integrado do fogo. Nós estamos executando dentro de uma unidade de conservação do Estado, fazendo essa queima prescrita, em um momento que não é de estiagem, para a gente reduzir a quantidade de combustível, se caso houver algum incêndio não seja tão severo e agrida tanto o meio ambiente”, afirmou a tenente-coronel Tatiane.

Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema - A área de preservação na Bacia do Rio Paraná, tem 73,3 mil hectares com abrangência nos municípios de Taquarussu, Jateí e Naviraí. Criado em 1998 como compensação da obra da Usina Hidroelétrica Engenheiro Sérgio Motta/CESP (Companhia Energética de São Paulo), o parque abriga inúmeras espécies da fauna brasileira, inclusive onças pintadas e pardas que constantemente são avistadas por funcionários do parque, e está em processo de recuperação florestal.

O Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema foi o local escolhido O Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema foi o local escolhido

Durante muitos anos, as terras foram usadas como pastagem e ainda possuem características da atividade. Para dar continuidade ao trabalho de reflorestamento e garantir a preservação ambiental necessária, será feita ação de plantio de espécies nativas com o apoio de instituições e ONGs (Organizações Não Governamentais).

No Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari, que tem 30,6 mil hectares nos municípios de Alcionópolis e Costa Rica, o treinamento e a queimada controlada serão realizados entre quarta-feira (5) e sexta-feira (7). “A ideia é fazer o manejo integrado para diminuir a possibilidade de grandes queimadas”, explicou a responsável pelo parque, Martha Gil.

Clodoaldo da Silva, do Corpo de Bombeiros de Corumbá, atuou no combate a incêndios no PantanalClodoaldo da Silva, do Corpo de Bombeiros de Corumbá, atuou no combate a incêndios no Pantanal

Com 26 anos de experiência no combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul, o subtenente Clodoaldo da Silva, do Corpo de Bombeiros de Corumbá, atuou no combate ao fogo em 2019 e 2020 no Pantanal e na Serra do Amolar e confirma a importância do treinamento realizado na área de preservação estadual. “Esse tipo de treinamento é um marco na história do Corpo de Bombeiros. Nós estamos aprendendo novas técnicas e que o fogo pode ser um aliado na prevenção, na conservação da vegetação. Eu adquiri agora esse conhecimento e vou aplicar na região do Pantanal. E tenho certeza absoluta de que vai ajudar muito no combate aos incêndios florestais”.

Márcio Yule, do PrevFogo, confirmou a importância da açãoMárcio Yule, do PrevFogo, confirmou a importância da ação

Márcio Yule, coordenador estadual do Prevfogo do Ibama em MS, pontua importância na cooperação entre as instituições nos treinamentos e combate ao fogo. “O manejo integrado do fogo, leva em consideração e é extremamente importante, a integração das instituições. Ninguém sozinho consegue combater os incêndios florestais, então uma instituição ajuda a outra. A segurança da ação fica mais forte. Com o conhecimento do território e maneja do fogo antes do período crítico, vai diminuir os incêndios e o gasto no combate ao incêndio florestal.

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