
Três pratos. Três cozinhas diferentes. Uma disputa. No Mato Grosso do Sul, a segunda fase do concurso gastronômico ‘O Quilo é Nosso’ começou no dia 1º de outubro com a tarefa de escolher o representante estadual para a final nacional. A decisão está nas mãos de um júri técnico que avalia sabor, apresentação, originalidade e, agora, também o aproveitamento integral dos ingredientes, um critério novo e bem-vindo.

Os finalistas sul-mato-grossenses são os pratos Cordeiro Braseado, do restaurante Maracutaia; Rabada, do Bom Almoço; e a Costela Assada na Brasa, do tradicional Seu Gastão. Os nomes são simples, mas carregam histórias locais, ingredientes regionais e modos de preparo que unem tradição e criatividade. No prato, há técnica e afeto. Fora dele, há disputa: o prato vencedor vai representar o MS na final nacional, nos dias 29 e 30 de outubro, durante o evento Mesa ao Vivo, em São Paulo.
Para João Francisco Denardi, presidente da Abrasel no MS, só o fato de participar já é um marco. “Essa é mais uma oportunidade de valorizarmos a nossa gastronomia, mostrando que os restaurantes podem disputar de igual para igual em nível nacional”, diz. Segundo ele, o envolvimento dos associados e do público foi surpreendente, especialmente considerando que é a primeira vez que o estado participa.

Na primeira fase, os pratos foram avaliados por voto popular e júri técnico, com peso de 40% e 60% respectivamente. Agora, na segunda fase, apenas o júri técnico decide. Os jurados são Leo Corradini, chef premiado e professor de Gastronomia do Senac MS, e Andrea Barrera, especialista do Sebrae em alimentação fora do lar. Ambos trazem para o prato a experiência de quem conhece as cozinhas do estado e os desafios do setor.
A novidade este ano é a pontuação extra para receitas que evitam desperdício ao usar cascas, talos e outras partes geralmente descartadas dos ingredientes. É um jeito de tornar o concurso ainda mais conectado com os tempos atuais — em que sustentabilidade e sabor precisam caminhar juntos. O tema da edição também brinca com esse engajamento: “Comer e votar, é só começar”, lembrando que a comida a quilo faz parte da rotina de milhões de brasileiros e que o paladar também pode ser um ato de escolha consciente.
Com mais de 150 restaurantes participantes em 16 estados, o concurso é uma celebração da comida popular e criativa. Aquela que cabe no prato e no bolso. E que tem um quê de memória afetiva — um tempero que não aparece na receita, mas que todo mundo reconhece na primeira garfada.
No MS, quem vencer vai levar mais do que um troféu: vai carregar no prato o sabor de uma culinária que mistura pequi, carne de sol, mandioca, ervas do cerrado e modos de preparo que vêm da roça, do fogo de chão, da feira e da mesa do dia a dia. E tudo isso com menos desperdício, mais respeito aos ingredientes e uma boa dose de orgulho local.
