
Por alguns minutos, o Parque de Exposições Laucídio Coelho parou. E não foi por causa de boi, cavalo ou trator. Foi por causa de um homem que chegou de chapéu, sorriso largo e uma história que ninguém esquece: Fernando Rufino, o Cowboy de Aço.

Ele veio à Expogrande 2025 como convidado, mas saiu como inspiração. Sentou-se no estúdio do Grupo Feitosa de Comunicação e, com calma, contou sua vida como quem conta um causo de fazenda. Mas era verdade. E forte.
“Fui peão, trabalhei com gado, sonhava com rodeio… até que veio um acidente. Um susto. Uma mudança total de vida”, disse. Fernando não fugiu do baque. Também não se vitimizou. Se reconstruiu.
A canoa que virou caminho - Foi no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, que ele descobriu a canoagem paralímpica. A água, o remo e a rotina de treinos deram sentido novo à vida dele.
“Remamos mais de 10 mil quilômetros só pra competir 200 metros”, contou, com um riso meio cansado, meio orgulhoso. Hoje, ele é campeão mundial, medalhista em Tóquio e segue no topo, com a cabeça voltada para as próximas disputas na Polônia e em Milão.
Mas a vitória de Rufino vai além do pódio. Vai na forma como ele olha o mundo.
Um parceiro do agro - Fernando não veio à feira só por causa do esporte. Ele também representa o agro. Carrega no peito a marca Real H, que apoia sua jornada. “O agro e o esporte têm muito em comum. Precisa acordar cedo, ser persistente e não desistir”, resumiu.
O assessor da Real H, Denner, relembra o dia em que viu Fernando pela TV e ficou impactado. “Mandei mensagem no Instagram. Ele respondeu. O resto é história. Hoje é mais que parceria, é admiração.”
O mundo segundo Fernando - Rufino já conheceu mais de 20 países. Em cada um, aprendeu uma coisa. No Japão, por exemplo, aprendeu que o bom dia é um gesto, não uma cobrança. No Canadá, aprendeu que vizinho cuida de vizinho. E, no Brasil, aprendeu que o respeito ao atleta paralímpico ainda está chegando.
“Aqui, o pessoal só valoriza quando vira medalha. Mas isso está mudando. Estamos mostrando que também somos parte da história”, disse, com um tom firme.
O que ele deixa por onde passa - Rufino não quer ser tratado como herói. Mas sabe que é exemplo. “Outro dia, falaram que minha técnica de remada virou modelo. Eu pensei: caramba, estou sendo referência”, contou.
Para quem quer seguir um caminho parecido, ele não dá fórmula mágica. Dá verdade: “Não basta só acreditar. Tem que confiar. E trabalhar muito. O esporte não dá resultado fácil, mas muda a vida.”
Na saída da entrevista, muita gente pediu foto. Ele atendeu todo mundo, um por um, com paciência. Depois subiu no palco, apertou mãos, contou histórias. Fernando Rufino passou pela Expogrande como passa pela água: firme, sereno e deixando rastro.
