
Israel pode ser suspenso de torneios organizados pela Uefa ainda na próxima semana. O possível veto vem sendo impulsionado por denúncias de violações de direitos humanos na Faixa de Gaza. Representantes de federações nacionais estarão reunidos em Marbella, na Espanha, e a expectativa é que o tema entre oficialmente na pauta do encontro.

Segundo informações da agência Reuters, a pressão por um isolamento esportivo de Israel vem crescendo nos bastidores do futebol europeu. O movimento ganhou força após um apelo feito por especialistas da ONU, que sugeriram a exclusão do país tanto da Uefa quanto da Fifa. “As instâncias esportivas não devem ignorar graves violações de direitos humanos. Estados que cometem abusos devem ser suspensos, como já aconteceu antes”, diz o comunicado publicado por um grupo de relatores independentes.
O governo dos Estados Unidos foi um dos primeiros a se manifestar contra possíveis sanções esportivas. Um porta-voz do Departamento de Estado afirmou à Sky News que Washington fará “todo o possível” para impedir que a seleção de Israel seja banida da Copa do Mundo. Os EUA, junto com México e Canadá, são anfitriões do Mundial de 2026.
Apesar disso, o debate segue avançando na Europa. A Federação Norueguesa de Futebol tem liderado o movimento por sanções dentro da Uefa. A presidente da entidade, Lise Klaveness, afirmou que a comunidade esportiva não pode se omitir diante da crise humanitária. Ela anunciou ainda que toda a arrecadação do jogo contra Israel, marcado para 11 de outubro, será destinada a ações emergenciais.
A Turquia também oficializou uma posição. Em carta enviada à Uefa, o presidente da federação turca, Ibrahim Haciosmanoglu, afirmou que o silêncio das instituições esportivas diante da violência compromete valores como paz e civilidade. Ele cobra uma resposta imediata da entidade europeia.
Na Espanha, o tom também subiu. O porta-voz do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) no Congresso, Patxi López, sugeriu que a seleção espanhola poderia abandonar a Copa do Mundo caso Israel se classifique. A proposta tem caráter de boicote e se baseia em dispositivos legais como a “Ley del Deporte” e um decreto de 1982, que autorizam o governo a vetar participações internacionais por razões diplomáticas.
Ainda em agosto, o primeiro-ministro Pedro Sánchez já havia defendido a exclusão de Israel de eventos esportivos, após protestos forçarem o cancelamento da participação da equipe Israel-Premier Tech na Vuelta a España.
Caso a Uefa aprove a suspensão, clubes e seleções israelenses ficariam fora de torneios europeus, como Champions League, Europa League e as Eliminatórias para a Euro. O alcance da medida, no entanto, não afetaria diretamente a Copa do Mundo, já que o torneio é administrado pela Fifa — que, por ora, não confirmou se analisará o caso.
Israel ocupa atualmente a terceira posição no Grupo I das Eliminatórias europeias, com nove pontos — a mesma pontuação da Itália, que está em segundo lugar. A Noruega lidera com 15 pontos. A partida entre Israel e Noruega, marcada para outubro, pode ser decisiva para o futuro da seleção no torneio e também no campo diplomático.
