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06 de outubro de 2025 - 15h46
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TÊNIS INTERNACIONAL

Calendário exaustivo da ATP leva tenistas à exaustão física e mental

Masters de Xangai reacende debate sobre ritmo de jogos e falta de pausas na temporada do tênis

6 outubro 2025 - 12h55
Djokovic sofreu com desgastes no Masters de Xangai.
Djokovic sofreu com desgastes no Masters de Xangai. - Foto: Hector Retamal/AFP

Com a temporada 2025 se aproximando do fim, o tênis profissional voltou a conviver com uma realidade cada vez mais evidente: o desgaste físico e mental dos atletas diante de um calendário que não dá trégua. No Masters 1000 de Xangai, o tema veio à tona mais uma vez, com desistências, vômitos em quadra e críticas públicas de grandes nomes do circuito.

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O caso mais recente foi o abandono do italiano Jannik Sinner durante partida contra Tallon Griekspoor. Sinner, que havia conquistado o ATP 500 de Pequim menos de uma semana antes, não resistiu ao acúmulo de jogos. No mesmo torneio, Novak Djokovic foi flagrado vomitando em quadra, em decorrência do calor extremo somado à fadiga acumulada da temporada.

Além deles, Francisco Comesaña também sentiu o peso da maratona de partidas e caiu precocemente em Xangai, ampliando a lista de jogadores afetados. A situação reforça um debate que já vinha ganhando corpo desde o primeiro semestre, quando atletas de alto rendimento passaram a se manifestar mais abertamente sobre os impactos do calendário da ATP e da WTA.

Ausências em série reforçam preocupação

Antes mesmo da bola rolar em Xangai, nomes como Carlos Alcaraz, João Fonseca, Stefanos Tsitsipas, Arthur Fils e Jack Draper anunciaram suas desistências, priorizando a preparação física e mental para os torneios finais da temporada europeia. A decisão de abrir mão de uma competição importante como um Masters 1000 é reflexo direto da insatisfação dos jogadores com o ritmo imposto pelas entidades que organizam o circuito.

“Acho que joguei demais”, resumiu Jakub Mensik, 16º do ranking da ATP. Segundo ele, a sequência de torneios, especialmente após a temporada americana, comprometeu seu rendimento e colocou em risco sua integridade física. “Meu corpo sofreu”, desabafou.

Swiatek e Djokovic engrossam críticas

Não são apenas os nomes emergentes que apontam falhas na estrutura do circuito. Em junho, a número 1 do mundo, Iga Swiatek, destacou o excesso de competições e a má distribuição dos torneios ao longo do ano. “É super intenso, intenso demais. Não faz sentido jogar mais de 20 torneios por ano”, declarou a polonesa, que também demonstrou preocupação com o sistema de pontuação que obriga os atletas a participarem de determinadas competições para manterem seus rankings.

Já Djokovic, um dos maiores tenistas da história, foi além: apontou a falta de união entre os jogadores como um entrave para mudanças estruturais. “Reclamamos, mas não investimos o tempo e o esforço necessários para mudar as coisas”, disse, criticando diretamente Carlos Alcaraz por, segundo ele, não ir além dos discursos em coletivas. “O tênis vive um forte monopólio e os tenistas não estão unidos o suficiente”, completou o sérvio.

João Fonseca e Bia Haddad também sofrem

No Brasil, o jovem João Fonseca e a número 1 do país, Beatriz Haddad Maia, também sentiram os efeitos do ritmo pesado. Fonseca chegou a passar mal durante uma partida em março, no Miami Open, com enjoos e sintomas de exaustão. Mais recentemente, desistiu de participar do Masters de Xangai para preservar o corpo.

Bia Haddad, por sua vez, encerrou a temporada mais cedo para priorizar a recuperação. “Estou encerrando a minha temporada de 2025 um pouquinho antes do programado para poder descansar por um maior período o corpo e a mente”, escreveu nas redes sociais em setembro. A decisão foi endossada por Gustavo Kuerten, o Guga, que defendeu a pausa como estratégica para prolongar a carreira da tenista.

Um sistema que pede revisão

O aumento no número de reclamações públicas e o volume de desistências em torneios importantes expõem um problema sistêmico. Com mais de 20 torneios anuais obrigatórios e pontos do ranking em jogo, os atletas enfrentam o dilema entre competir desgastados ou perder posições.

A situação em Xangai é apenas a “ponta do iceberg” de um sistema que tem mostrado sinais de esgotamento. Para muitos, o equilíbrio entre saúde física, mental e performance esportiva está cada vez mais difícil de alcançar — e a cobrança por mudanças na estrutura do tênis profissional parece ter ganhado um novo capítulo nesta reta final de temporada.

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