
Após quase quatro anos de estudos e tratativas, o Fluminense recebeu oficialmente uma proposta para se transformar em SAF (Sociedade Anônima do Futebol). A oferta foi apresentada ao Conselho Deliberativo ontem (8), e partiu da LZ Sports, braço esportivo da gestora Lazuli Partners.

A proposta prevê um investimento inicial de R$ 500 milhões, dividido em duas parcelas: R$ 250 milhões seriam injetados de imediato e o restante em até dois anos. Ao longo de até uma década, a nova empresa, chamada "Fluminense SAF", teria o compromisso de aplicar mais R$ 6,4 bilhões a partir da geração de caixa do próprio clube.
Somando todos os valores — entre aportes iniciais e o que será gerado ao longo dos anos — o investimento total pode alcançar R$ 6,9 bilhões. A divisão dessa quantia está detalhada: R$ 4,7 bilhões seriam destinados à folha salarial de atletas e comissões técnicas, R$ 1,1 bilhão para contratações, R$ 359 milhões para formação de jogadores e R$ 143 milhões em royalties para a associação civil do clube.
A SAF ficaria responsável pelo futebol masculino e feminino, futsal e as categorias de base em Xerém. Os demais bens, como a sede histórica das Laranjeiras, continuariam sob posse da associação, embora com permissão de uso pela SAF.
A proporção de participação entre clube e empresa será baseada no valor da dívida atual do Fluminense, que gira em torno de R$ 871 milhões. Com isso, a LZ Sports teria 65% das ações, podendo chegar a até 90%, enquanto a associação ficaria com, no mínimo, 10% e, nesse caso, atualmente, 35%.
O avanço da negociação depende da reestruturação da dívida do clube com os credores. A proposta também prevê que o valor da compra e o fluxo de pagamentos sejam ajustados conforme os acordos firmados para quitação dos débitos.
Ao todo, 40 investidores estão envolvidos na proposta da LZ Sports, todos torcedores do Fluminense. Treze nomes já foram divulgados publicamente, entre eles membros das famílias Almeida Braga (do setor de seguros), Klabin (indústria de papel), Paes (ligada ao BTG Pactual), além de executivos da Rede D'Or, Ambev, Camargo Corrêa, Frescatto e do grupo Monteiro Aranha.
A governança da nova empresa seria formada por um conselho com oito cadeiras, sendo duas indicadas pela associação do Fluminense e seis pela SAF. Um dos sócios da Lazuli Partners, Carlos de Barros, destacou que o projeto tem DNA tricolor: “Muitas SAFs que surgiram no Brasil foram escolhidas como se estivessem comprando uma camisa numa loja. Para os nossos investidores, só havia uma opção: investir no Fluminense.”
A LZ Sports estimou que a SAF do Fluminense vale R$ 260 milhões, o que seria o maior valor já atribuído a uma SAF no Brasil, segundo a empresa.
Durante a reunião de apresentação da proposta, houve embates entre conselheiros favoráveis e contrários à mudança. Também foram feitas cobranças ao presidente Mário Bittencourt sobre seu possível papel na nova estrutura, com questionamentos sobre a chance de ele assumir como CEO da futura SAF.
A decisão final sobre a transformação do clube em empresa ficará a cargo dos sócios do Fluminense, mas a votação só acontecerá após as eleições presidenciais do clube, previstas entre a segunda quinzena de novembro e a primeira de dezembro. Com isso, um desfecho para a proposta só deve ocorrer em 2025, com possível aprovação em fevereiro.
