
Racing e Estudiantes se enfrentam neste sábado (13), às 21h (horário de Brasília), no Estádio Único Madre de Ciudades, em Santiago del Estero, pela final do Torneio Clausura do Campeonato Argentino. Em jogo, além do troféu, uma premiação de US$ 500 mil (aproximadamente R$ 2,7 milhões).
O valor, no entanto, escancara a crise financeira que atinge o futebol argentino. Para se ter ideia, o Coritiba — campeão da Série B do Campeonato Brasileiro em 2024 — recebeu R$ 5,5 milhões, mais que o dobro do que será entregue ao vencedor do Clausura.
A diferença se torna ainda mais gritante quando se observa as premiações do futebol brasileiro. Na Copa do Brasil, o campeão embolsa R$ 78 milhões — mais de 28 vezes o valor oferecido ao vencedor do Clausura argentino. No Campeonato Brasileiro, o campeão do ano passado, Botafogo, recebeu R$ 50 milhões. Até o 16º colocado da Série A, último a escapar do rebaixamento, recebeu R$ 17 milhões — seis vezes mais que a final argentina.
O Platense, vencedor do Apertura — equivalente ao primeiro turno —, faturou o mesmo que será entregue neste sábado. Já o Independiente Rivadavia, campeão da Copa Argentina, levou 365,5 milhões de pesos argentinos, valor que convertido chega a R$ 1,3 milhão.
A disparidade não se reflete apenas no papel. O Brasil tem dominado as principais competições sul-americanas nos últimos anos. Nas últimas edições da Libertadores, por exemplo, os finalistas e campeões têm sido majoritariamente brasileiros, com clubes como Palmeiras, Flamengo e Fluminense protagonizando decisões seguidas.
Para o CEO da Squadra Sports e ex-presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, esse cenário é resultado de gestões mais estruturadas e modernas no futebol brasileiro. “O futebol argentino não se modernizou em termos de estratégia financeira, captação de recursos, comercialização de direitos e estruturação dos clubes”, afirmou.
Segundo Bellintani, a diferença não está no modelo de gestão, como SAF ou associação, mas na competência administrativa. “A grande diferença no futebol brasileiro não está entre SAFs e clubes associativos, mas entre instituições bem geridas e mal geridas.”
O diretor da Roc Nation Sports no Brasil, Thiago Freitas, acredita que a decadência econômica da Argentina atingiu diretamente o futebol. “A irresponsabilidade, o paternalismo e a demagogia marcaram a política e os governos argentinos nas últimas décadas e destruíram a economia do país. Naturalmente, como todas as outras indústrias, a do futebol foi afetada por isso”, analisou.
Mesmo assim, a paixão e a competitividade seguem como marca do futebol local. O confronto entre Racing e Estudiantes promete ser disputado em alto nível, apesar das limitações fora de campo.
O Racing chegou à final após superar o Boca Juniors, em uma semifinal marcada pela intensidade. Já o Estudiantes venceu o rival Gimnasia y Esgrima no clássico de La Plata. A classificação em cima de rivais históricos reforça a confiança das equipes para a decisão.
“Estamos muito mais fortes como grupo, e vencer o dérbi também nos dá um impulso extra”, afirmou o zagueiro Leandro González Pírez, do Estudiantes. Pelo lado do Racing, Agustín García Basso destaca o equilíbrio. “Acho que ambas as equipes mereciam ter chegado a esta final.”
O campeão do Clausura ainda terá novos desafios pela frente. Enfrenta o Platense, vencedor do Apertura, pelo Troféu de Campeões. Quem sair vencedor ainda disputará a Supercopa Argentina contra o Independiente Rivadavia (campeão da Copa Argentina) e a Supercopa Internacional contra o Rosario Central, equipe de melhor campanha na fase de liga do Clausura.

