O ciclismo tem mudado vidas em Mato Grosso do Sul. É o caso dos irmãos Arthur, de 11 anos, e Fernanda, de 8, que compartilham não só o sobrenome Ricardo Batista, mas também uma paixão em comum: a bicicleta. Os dois são participantes do projeto MS Pedalando Para o Futuro, uma iniciativa da Fundesporte em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (SED), o Sesc-MS e prefeituras municipais, que já atende mais de 400 crianças e adolescentes em 16 polos distribuídos pelo Estado.
Para Arthur, o ciclismo foi mais que um esporte — foi um recomeço. “Melhorou muito minha saúde e minha vida social. Sofria muito bullying na escola, mas desde que comecei no ciclismo me tornei mais feliz e muito mais seguro”, conta o garoto, que sonha em competir profissionalmente no mountain bike.
Hoje, ele treina no polo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande, e acumula avanços no desempenho. “Se eu continuar indo bem como estou, meu pai vai me levar para uma competição de turismo”, diz, animado.
A pequena Fernanda começou sem nem saber andar de bicicleta. “A professora me ensinou com a técnica do pezinho, indo bem devagarzinho. No dia seguinte já andava sem rodinhas”, lembra. A ajuda veio também do irmão, que a ensinou a trocar as marchas. “Antes eu não conseguia subir o morro do Morenão, agora consigo até de olhos fechados”, conta, sorrindo.
Apesar de ainda estar começando, ela já participou de sua primeira corrida. “Foi muito legal. Agora tenho uma bicicleta nova e estou ansiosa para competir de novo.”
O MS Pedalando Para o Futuro atende crianças e adolescentes de 7 a 16 anos, com foco na formação esportiva e na transformação social por meio do ciclismo. Os participantes desenvolvem aspectos físicos, técnicos, cognitivos, sociais e emocionais em atividades conduzidas por professores de Educação Física, em polos instalados em espaços públicos.
De acordo com o diretor-presidente da Fundesporte, Paulo Ricardo Nuñez, o projeto já colhe frutos visíveis. “Criamos uma equipe de base com meninas de 12 e 13 anos que já disputam campeonatos da federação. É um indicativo de que conseguimos revelar talentos”, afirma.
O dirigente também aponta o crescimento do ciclismo no estado. “O esporte avançou muito, tanto nas ações da Federação quanto na realização de eventos. O projeto tem papel fundamental nisso.”
Mais do que lazer ou competição, o ciclismo tem ganhado força como meio de mobilidade urbana sustentável e como ferramenta de inclusão. Segundo o gerente do Sesc Móvel, José Carlos Rigo Alves, o projeto está alinhado a uma tendência global.
“O interesse pelo ciclismo cresce por razões de saúde, transporte e sustentabilidade. Nosso papel é oferecer formação e estrutura para que isso chegue a todas as comunidades, com segurança e qualidade”, explica.
O Sesc é um dos parceiros estratégicos da iniciativa, responsável pelo fornecimento de equipamentos, bicicletas adequadas ao mountain bike e capacitação de professores, por meio de cursos online e presenciais.
Entre os 16 polos ativos do projeto, um se destaca por sua inovação e importância cultural: o polo da Aldeia Cabeceira, no município de Nioaque, é o primeiro projeto de ciclismo em uma comunidade indígena do Brasil. As aulas estão programadas para começar assim que o professor local concluir sua formação técnica.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas diretamente com os professores de cada polo. O projeto está ligado ao Programa MS Desporto Escolar (Prodesc) e não exige pré-requisitos técnicos, o que permite a inclusão de crianças que nunca tiveram contato com o ciclismo.
Confira onde encontrar os polos em Campo Grande:
- Poliesportivo Vila Almeida – Av. Eng. Amélio Carvalho Baís, 1890
- Camburé – Rua Abelardo Barbosa, 24
- Coruja – Rua José Francelino Teixeira Gomes, 101
- Amape – Av. Orlando Darós, 279
- UFMS – Av. Costa e Silva, Cidade Universitária
- Moreninhas (Escola Arlindo de Sampaio Jorge) – Rua Pariris, 360
Polos no interior do Estado:
- Rio Brilhante – Centro Esportivo Renan Cordeiro de Lima
- Nova Andradina – Estádio / Centro de Eventos
- Nova Alvorada do Sul – Parque de Lazer Antônio Stradiotti
- Sidrolândia – Praça São Bento
- Maracaju – Centro Olímpico
- Coxim – Espaço Poliesportivo
- Naviraí – Escola Juracy Alves Cardoso
- Cassilândia – Escola Estadual Hermelina Barbosa Leal
- Chapadão do Sul – Centro Esportivo Sibipiruna
- Nioaque – Aldeia Cabeceira (em fase de formação)
Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail: ciclismoprodesc@gmail.com
