
O uso da tecnologia de reconhecimento facial nos estádios paulistas tem resultado direto na prisão de pessoas procuradas pela Justiça. Somente em jogos do Corinthians realizados em agosto, oito homens com mandados de prisão em aberto foram identificados e detidos pela Polícia Militar de São Paulo, graças ao sistema Muralha Paulista.

A ferramenta cruza imagens faciais dos torcedores com o banco de dados da Secretaria de Segurança Pública e aciona as autoridades quando há alguma pendência judicial. Em vigor desde junho, a obrigatoriedade do reconhecimento facial vale para arenas com capacidade acima de 20 mil pessoas, conforme a nova Lei Geral do Esporte.
Três prisões ocorreram no último domingo, durante o clássico entre Corinthians e Palmeiras. Logo na entrada do estádio, os torcedores foram identificados pelo sistema como alvos de mandados de prisão. Dois deles deviam pensão alimentícia e tinham mandados expedidos pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Ambos foram levados ao Centro de Detenção Provisória de Guarulhos.
O terceiro detido nesse jogo respondia por estelionato, com mandado expedido pela Vara Criminal de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Paraná. Ele foi encaminhado ao CDP de Pinheiros, na capital paulista.
No dia 16 de agosto, durante o jogo entre Corinthians e Bahia pelo Campeonato Brasileiro, outras cinco prisões foram realizadas. Três dos detidos também estavam inadimplentes com pensão alimentícia. Os outros dois eram procurados por crimes mais graves: um por roubo, com passagem por tráfico de drogas, e outro por receptação. Ambos tinham registros anteriores e foram conduzidos às autoridades competentes.
O programa Muralha Paulista é operado em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública e utiliza inteligência artificial para análise em tempo real. Durante os eventos, o sistema verifica dados da compra dos ingressos e confronta com bases de dados oficiais. A tecnologia identifica casos como uso de documento falso, mandados de prisão, descumprimento de medidas judiciais e até registros de desaparecimento.
Em caso de alerta, o acesso ao estádio é imediatamente bloqueado, e a polícia é acionada.
Desde sua implementação, a ferramenta já foi usada em mais de 50 eventos no estado de São Paulo, com a detecção de 214 foragidos, 130 casos de descumprimento de medidas cautelares e monitoramento de 1,5 milhão de pessoas. Além dos jogos de futebol, o sistema também foi adotado em eventos como o GP de São Paulo de Fórmula 1 e o festival de música Tomorrowland.
