
O Corinthians pode deixar de receber cerca de R$ 66,6 milhões com a venda do meia-atacante Pedro, revelado nas categorias de base do clube. O jogador está próximo de ser transferido do Zenit, da Rússia, para o Al-Ittihad, da Arábia Saudita, por um valor estimado em 35 milhões de euros (cerca de R$ 222 milhões).

A baixa expectativa de lucro do clube paulista se deve ao fato de que, em agosto de 2023, o Corinthians vendeu os 30% dos direitos econômicos que ainda detinha do jogador ao próprio Zenit. Com isso, restou ao clube brasileiro apenas o direito de receber cerca de R$ 5,5 milhões referentes ao mecanismo de solidariedade da Fifa, destinado a clubes formadores.
Venda dos 30% foi pouco divulgada
A negociação que retirou o Corinthians da participação futura sobre Pedro não foi divulgada oficialmente pelo clube. O então presidente Augusto Melo, que foi recentemente afastado por processo de impeachment, confirmou a operação em nota enviada ao Estadão.
Segundo Melo, os recursos recebidos na venda dos 30% de Pedro foram usados para pagar dívidas com o empresário Fernando Garcia, da Elenko Sports, e com o próprio Zenit. “Todos os valores foram negociados com o departamento financeiro da época e também com o aval do departamento jurídico”, disse.
Críticas e troca de acusações entre dirigentes
Após a repercussão negativa, o ex-presidente Augusto Melo rebateu críticas feitas por Duílio Monteiro Alves, que presidia o clube quando Pedro foi inicialmente vendido ao Zenit, em 2023. Melo declarou que todas as decisões de sua gestão seguiram os trâmites internos e acusou Duílio de ter realizado “vendas obscuras” de atletas da base.
Duílio respondeu em nota publicada nas redes sociais, afirmando que não havia pendências com o clube russo e que buscará esclarecimentos junto ao Conselho Deliberativo. Ele também citou a negociação que envolveu outros atletas, como Yuri Alberto, Robert Renan, Du Queiroz e o goleiro Ivan, em tratativas com o Zenit.
Falta de transparência preocupa o clube
Segundo apuração do Estadão, a negociação da fatia final de Pedro com o Zenit não era de conhecimento do executivo de futebol do Corinthians, Fabinho Soldado. O Conselho de Orientação do clube também não teria sido informado da operação.
A atual gestão do clube, que enfrenta sérias restrições financeiras, estuda abrir todos os contratos das últimas gestões para identificar possíveis negociações prejudiciais ao patrimônio do Corinthians. A expectativa inicial era de que a venda de Pedro ao futebol saudita aliviasse parte da crise financeira do clube.
