
A proposta orçamentária do São Paulo para 2026, enviada ao Conselho Deliberativo, prevê um ano de contas apertadas, com 11 meses no vermelho e um superávit concentrado em dezembro. A votação do orçamento termina às 22h desta quinta-feira, após uma primeira reunião, na noite de quarta, ser encerrada mais cedo por conta de tentativa de invasão de torcedores.
Pelo plano da gestão Júlio Casares, o clube projeta superávit de R$ 37,9 milhões em dezembro, puxado principalmente por negociações de atletas — que respondem por cerca de 40% da previsão de receita — e por premiação do Campeonato Brasileiro. Mesmo assim, a receita com vendas de jogadores deve ser menor do que a estimada para 2025.
Quando se exclui o dinheiro das saídas de atletas, o cenário muda de forma significativa: o orçamento aponta déficit de R$ 126 milhões no ano, com um déficit recorrente médio de R$ 10,5 milhões por mês.
O futebol profissional segue como área mais cara do clube, com previsão de R$ 542,2 milhões em gastos, embora seja o único setor com redução de despesas, na casa de 5%, em relação ao orçamento de 2025. As demais áreas do São Paulo têm aumento de custos projetado.
Um ponto chamativo do documento é a festa junina de 2026. O clube estima receita de R$ 480 mil com o evento, mas despesas de R$ 3,5 milhões, o que resulta em um déficit de quase R$ 3 milhões apenas nessa atividade.
A base ganha espaço no planejamento. Em dois anos, o investimento previsto sobe cerca de 50%: os R$ 40 milhões de 2024 saltam para R$ 59 milhões no orçamento de 2026, de acordo com a proposta.
Para funcionar ao longo de 2026, com 11 meses no vermelho, o São Paulo prevê captar R$ 270 milhões em novos empréstimos ou por meio de FIDC, fundo usado para amortizar dívidas com bancos e instituições financeiras.
O clima político interno é de divisão, e a votação tende a ser acirrada, com possibilidade real de rejeição do orçamento. O grupo Legião, ligado ao ex-diretor de futebol Carlos Belmonte, liberou seus conselheiros para votar como quiserem. Já o grupo Salve o Tricolor Paulista, que reúne 41 conselheiros, fechou posição contra a proposta.
O debate sobre o orçamento acontece em meio à aproximação do período eleitoral no clube e à exposição de problemas internos recentes. Primeiro veio à tona uma crise no departamento médico. Depois, surgiu a denúncia de um suposto esquema de venda ilegal de ingressos em um camarote do MorumBis, ampliando a pressão sobre a atual gestão.

