
Na periferia esportiva do país, onde a paixão pelo futebol resiste à falta de estrutura e aos percalços financeiros, o Operário Futebol Clube, de Campo Grande, estreia na Copa Verde nesta quarta-feira (22). O adversário é o Luverdense-MT, e o cenário é o Estádio das Moreninhas, um palco que, embora modesto, carrega as esperanças de um clube que busca dias melhores.

O confronto, decidido em partida única, vale uma vaga na próxima fase do torneio e um respiro em direção à terceira fase da Copa do Brasil de 2026 – um prêmio que transcende a glória esportiva, com impacto direto no caixa do clube. Para atrair sua fiel torcida, o Operário oferece ingressos a preços promocionais: quem vestir a camisa do time ou de uma torcida organizada pagará R$ 20, a metade do valor inteiro (R$40).
Os bastidores do sonho - O Operário chega à Copa Verde carregando a memória de campanhas frustradas. Em 2023, foi eliminado nos pênaltis pelo Tocantinópolis-TO; no ano passado, o Costa Rica representou Mato Grosso do Sul e voltou para casa após um amargo 4 a 0 contra o União-MT. Neste ano, o Galo tenta virar a página.
Sob o comando do técnico Maurício Coelho, a equipe estreou com uma vitória convincente por 2 a 0 sobre o Águia Negra, em amistoso realizado no mesmo Estádio das Moreninhas. Agora, a missão é mais ambiciosa: superar o Luverdense, um clube que já frequentou divisões superiores do futebol nacional, mas que, assim como o Operário, luta contra as adversidades para se manter relevante.
O elenco aposta em uma combinação de jovens promessas e veteranos com passagens por clubes menores, enquanto a diretoria tenta mobilizar a torcida para lotar as arquibancadas – um feito desafiador em uma cidade que, embora fervorosa pelo esporte, lida com as limitações estruturais de seus estádios.
Um estádio, uma nação - O Estádio das Moreninhas, localizado em um bairro popular de Campo Grande, reflete o espírito de resistência do futebol sul-mato-grossense. Com capacidade modesta e sem o brilho das grandes arenas, o campo serve de abrigo para as ambições do Operário. Para a torcida, a ida ao estádio não é apenas um gesto de apoio ao time, mas um ritual que carrega a identidade de uma comunidade que se recusa a desaparecer dos holofotes nacionais.
Futebol e economia - Além do peso esportivo, a Copa Verde carrega um significado econômico. O campeão garante uma vaga na Copa do Brasil, torneio que oferece premiações milionárias e a chance de enfrentar gigantes do futebol brasileiro. Para clubes como o Operário, trata-se de uma oportunidade única de equilibrar as contas e investir na infraestrutura necessária para sustentar um futuro mais competitivo.
A venda de ingressos já começou em pontos estratégicos da cidade, como a Padaria Toscano, a Galeria dos Esportes e as Lojas Gazin. No dia do jogo, as bilheterias do estádio prometem filas de torcedores vestindo o preto e branco do Galo, muitos deles carregando mais do que o amor pelo time – carregam a esperança de que, desta vez, a história será diferente.
