
A National Football League (NFL) confirmou que não pretende substituir o cantor Bad Bunny como atração do show do intervalo do Super Bowl 60, marcado para fevereiro de 2026 no Levi's Stadium, na Califórnia. A escolha do artista, anunciada no mês passado, vem sendo alvo de críticas por parte do ex-presidente Donald Trump e seus apoiadores, que reagem ao perfil político e ao posicionamento pró-imigrante do porto-riquenho.
O comissário da NFL, Roger Goodell, comentou o tema nesta quarta-feira, 23, durante entrevista coletiva após a reunião de outono da liga. Segundo ele, a decisão foi “muito bem pensada” e reflete a diversidade do público global do futebol americano.
“Não tenho certeza se já selecionamos um artista sem sofrer críticas ou reações negativas. É bem difícil fazer isso quando se tem centenas de milhões de pessoas assistindo”, declarou Goodell. Para ele, Bad Bunny representa “um dos artistas mais importantes e populares do mundo”.
Expansão para a América Latina - A presença de Bad Bunny no evento mais assistido do esporte norte-americano marca também a estratégia da NFL de se aproximar do público latino. Natural de Porto Rico, o cantor Benito Antonio Martínez Ocasio é atualmente o artista mais ouvido em espanhol no mundo, com mais de 80 milhões de ouvintes mensais no Spotify.
Segundo Goodell, a apresentação tem “valor simbólico e estratégico” para a liga. “É um palco importante para nós. É um elemento essencial para o valor do entretenimento.”
Donald Trump, que já criticou escolhas anteriores da NFL, voltou a atacar a organização. “Nunca ouvi falar dele. Não sei quem ele é, não sei por que estão fazendo isso. É loucura”, disse o ex-presidente em entrevista à emissora conservadora Newsmax. Ele também sugeriu que a escolha seria responsabilidade de um “promotor maluco”.
As críticas ao cantor têm motivação política. Bad Bunny tem sido vocal contra Trump e suas políticas anti-imigração. Em 2024, declarou apoio à democrata Kamala Harris e, em entrevistas, denunciou a atuação do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE), órgão que ampliou prisões e deportações de imigrantes nos EUA desde o governo Trump.
O artista chegou a excluir os Estados Unidos da turnê de seu novo álbum “DeBÍ TiRAR MáS FOToS”, justificando a decisão por preocupações com a presença do ICE em seus shows.
Representatividade latina no Super Bowl - A escolha do cantor ganha ainda mais relevância diante da crescente representatividade da comunidade latina nos Estados Unidos, que já soma cerca de 62 milhões de pessoas — 18,7% da população, segundo o censo de 2020.
No ano anterior, a escolha do rapper Kendrick Lamar também provocou reações de grupos conservadores por suas críticas sociais e raciais. Agora, a presença de Bad Bunny aprofunda o debate sobre o papel político da cultura pop no maior evento esportivo do país.

