
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) investiga se jogadores do Corinthians fizeram uso de um imóvel pertencente a José Carlos Gonçalves, conhecido como Alemão, empresário ligado ao PCC. A informação surgiu após depoimentos de membros do clube no âmbito da apuração sobre o uso indevido de cartões corporativos, conforme publicado inicialmente pelo GE e confirmado pelo Estadão.

O imóvel teria sido alugado em diferentes períodos para os jogadores Fausto Vera (atualmente no Atlético-MG), Rodrigo Garro e Talles Magno. A promotoria busca esclarecer se o trio realmente morou no local e se o Corinthians atuou como intermediário. Não há suspeitas de crime envolvendo os atletas, mas eles foram convocados a depor como testemunhas.
O clube afirmou estar "à disposição da Justiça para colaborar com as informações solicitadas". Nesta terça-feira (16), entregou documentos relativos aos cartões corporativos e relatórios de despesas dos mandatos de Augusto Melo, Duílio Monteiro Alves e Andrés Sanchez.
José Carlos Gonçalves, o Alemão, já foi alvo da Operação Rei do Crime, em 2020, por suspeita de lavagem de dinheiro do PCC. Ele também é citado na Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto de 2025, que investiga a atuação da facção no setor de combustíveis.
Nos autos de investigação conjunta do MP, Polícia Federal e Receitas Estadual e Federal, o empresário é apontado como “financiador” do narcotraficante Wagner 'Cabelo Duro', morto em 2018, e com conexões com Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC assassinado em 8 de novembro de 2024 no aeroporto de Guarulhos.

Gritzbach também teve seu nome relacionado indiretamente ao Corinthians. Em delação, apontou a UJ Football Talent, agência de assessoria esportiva, como braço do PCC no futebol — relação negada pela empresa. Segundo a investigação, R$ 1.074.150 desviados do contrato do clube com a Vai de Bet passaram por essa agência após circular por empresas de fachada.
O MPSP também apura movimentações suspeitas do Corinthians. Em outubro de 2023, o clube gastou R$ 32,5 mil em uma empresa de alimentos (Oliveira Minimercado Ltda) cujo endereço não registrava atividade comercial. O promotor Cássio Roberto Conserino constatou o fato pessoalmente.
O caso começou após o vazamento de faturas dos cartões corporativos do clube. Antes do episódio de Duílio, Andrés Sanchez admitiu uso indevido do cartão por engano, durante uma viagem de Réveillon entre 2020 e 2021, quando gastou R$ 9.416, valor restituído ao clube com juros.
