
Uma disputa sobre ingressos acabou levando o caso do camarote 3A do São Paulo Futebol Clube para a esfera criminal. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu à polícia a abertura de um inquérito para investigar um possível esquema de venda irregular de entradas no espaço conhecido como Sala Presidencial, dentro do estádio MorumBis.
A investigação começou depois de uma denúncia da Frente Democrática em Defesa do São Paulo, que afirmou que o camarote, de uso institucional e sem autorização para comercialização, teria sido usado para obter dinheiro de forma indevida. Para o MPSP, as informações apontam para exploração clandestina e coação no processo, indicando que pode ter havido crime.
O foco da apuração não surgiu de uma ação interna do clube, mas de um processo judicial entre terceiros, que expôs conversas e possíveis negociações:
O camarote 3A fica ao lado do gabinete da presidência do clube e não deveria ser usado para vender ingressos.
Mara Casares e Douglas Schwartzmann, então diretores licenciados, aparecem em áudios discutindo a negociação de entradas com uma intermediária identificada como Adriana, ligada à empresa The Guardians.
A situação veio à tona quando Adriana entrou com um processo contra outra empresária, Carolina Cassemiro, por uma disputa financeira envolvendo 60 ingressos para um show da cantora Shakira, que seriam vendidos por um valor alto.
Segundo o MPSP, quando os diretores perceberam que a ação judicial podia expor o suposto esquema, teriam pressionado para que o processo fosse retirado, numa tentativa de impedir que o caso fosse conhecido publicamente.
Internamente, o São Paulo já havia iniciado apurações:
Duas sindicâncias foram abertas, uma delas com auditoria independente.
O caso foi levado à Comissão de Ética do Conselho Deliberativo.
O superintendente Marcio Carlomagno também aparece nos áudios, mas nega envolvimento, afirmando que seu nome foi usado de forma indevida.
Sobre os demais citados:
Mara Casares disse que as conversas estão fora de contexto e negou ter obtido lucro com a situação.
Douglas Schwartzmann afirmou que não vendeu ingressos e que apenas tentou evitar que a disputa se transformasse em problema para o clube.
Com o pedido do MPSP, a polícia agora deve confrontar os áudios com registros de acesso ao estádio e movimentações financeiras das empresas envolvidas, para definir se houve prejuízo ao clube e se as condutas são passíveis de punição criminal.

