
Luca Di Montezemolo, ex-presidente da Ferrari, não escondeu sua frustração com o momento vivido pela escuderia na temporada atual da Fórmula 1. Durante a pré-estreia do documentário "Luca: Seeing Red", que narra sua trajetória no automobilismo, o dirigente fez duras críticas ao desempenho da equipe e apontou a ausência de liderança como um dos principais problemas.

“O que me chateia é ver uma Ferrari que não tem um líder, não há liderança. E acima de tudo, vejo que falta uma alma forte e determinada”, afirmou Montezemolo, que presidiu a escuderia de 1991 até 2014 e foi um dos responsáveis pelo retorno da equipe aos títulos com Michael Schumacher, em 2000.
A crítica veio logo após o desempenho discreto da equipe no GP de Monza, onde Charles Leclerc terminou em quarto lugar e Lewis Hamilton ficou com a sétima posição. A Ferrari ainda não venceu nenhuma corrida na temporada de 2025 e, segundo Montezemolo, os constantes anúncios criam expectativas que não se sustentam na prática.
“Os anúncios feitos frequentemente criam expectativas excessivas. Primeiro obtemos os resultados, depois fazemos os anúncios”, disparou o italiano.
A escuderia italiana vive mais uma temporada frustrante. Desde o título conquistado em 2007 com Kimi Räikkönen, a Ferrari acumula 16 anos sem conquistar o Mundial de Pilotos — e, segundo Montezemolo, a situação atual não indica uma reviravolta à vista.
“Eu vi as belas imagens dos fãs e, depois, uma equipe que ainda não venceu nenhuma corrida até agora. E mesmo se tivessem vencido, a Ferrari precisa ganhar o Mundial após tantos anos”, comentou.
Para 2025, a Ferrari contratou Lewis Hamilton, heptacampeão mundial, numa tentativa de retomar o protagonismo. No entanto, até o momento, o britânico só venceu uma corrida sprint na China e ainda não subiu ao pódio em provas principais. Seu companheiro de equipe, Charles Leclerc, conseguiu como melhor resultado um segundo lugar no GP de Mônaco.
Na classificação de pilotos, Leclerc aparece na quinta posição, com 163 pontos, seguido por Hamilton, em sexto, com 117. O líder do campeonato é o australiano Oscar Piastri, da McLaren, que soma 324 pontos.
Apesar de a Ferrari ocupar a segunda posição no Mundial de Construtores, com 280 pontos, está distante da McLaren, que lidera com folga e pode garantir o título já no próximo domingo, no GP do Azerbaijão, mesmo com sete corridas restantes na temporada.
Montezemolo também recordou momentos dramáticos da história recente da equipe, criticando a falta de competitividade nas etapas decisivas. “Eu já passei alguns momentos terríveis porque acho que perdemos nove ou dez campeonatos na metade final da última corrida. Por vários anos, a Ferrari nem chegou à última corrida com um piloto capaz de vencer”, relembrou.
Por fim, fez um apelo à equipe e destacou a importância dos torcedores. “Espero que as coisas mudem, antes de mais nada por aqueles que estiveram em Monza e continuam a ter uma fé inabalável. A Ferrari hoje tem uma responsabilidade ainda maior em relação a eles”, concluiu.
