
O departamento médico do São Paulo Futebol Clube está no centro de uma investigação após a revelação de que o médico Eduardo Rauen, responsável pelo centro de tecnologia e ciência do clube (TecFut), indicou um fornecedor irregular do medicamento Mounjaro para atletas. O caso, revelado nesta terça-feira (16), aponta graves violações das normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Irregularidades e preço superfaturado - O esquema envolvia a comercialização do Mounjaro importado por meio de uma pessoa física, ambas as práticas proibidas pela legislação brasileira. O fornecedor indicado cobrava R$ 5.599 por unidade, valor significativamente superior ao praticado em farmácias regulares, onde o medicamento custa entre R$ 1.523 e R$ 4.067, dependendo da dosagem e da carga tributária estadual.
Pelo menos dois jogadores utilizaram a "caneta emagrecedora" durante a temporada de 2025. O diferencial do caso está na suspeita de que a origem ilícita do fármaco possa ter comprometido a segurança dos atletas, o que levou a diretoria são-paulina a abrir uma apuração interna urgente.
O uso no esporte e a lei - Embora o Mounjaro tenha sido aprovado pela Anvisa para emagrecimento em junho de 2025 (anteriormente era indicado apenas para diabetes tipo 2), seu uso é restrito a pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) elevado e comorbidades. No ambiente de alta performance do futebol, o uso dessas substâncias levanta debates sobre saúde e ética médica.
Em nota, o São Paulo afirmou ter agido dentro das normas e negou que o uso do medicamento tenha relação direta com o alto índice de lesões que prejudicou o time no ano. Já o médico Eduardo Rauen declarou que sua atuação se limitou à avaliação clínica e que não fará novos comentários, amparando-se no sigilo profissional.
A Anvisa proíbe a compra de medicamentos de pessoas físicas e a importação direta de versões não registradas no país por questões de segurança biológica e controle de procedência. Sem o selo da agência, não há garantia de que o produto tenha sido armazenado sob refrigeração adequada ou que seu conteúdo seja autêntico, colocando em risco a carreira e a vida dos profissionais envolvidos.


