
Durante o CBF Summit Academy, realizado nesta quarta-feira (26), em um dos momentos mais aguardados do evento, os presidentes de Palmeiras e Flamengo, Leila Pereira e Luiz Eduardo Baptista, o Bap, protagonizaram uma cena de civilidade após meses de tensão entre os clubes. Adversários na final da Libertadores, os dirigentes compartilharam o mesmo palco e adotaram um tom respeitoso, marcando uma trégua pública depois da polêmica envolvendo o processo do Flamengo contra os clubes da Libra.
Leila chegou ao local pouco antes de sua participação e cumprimentou Bap, que retribuiu o gesto com cordialidade. Mais tarde, a presidente do Palmeiras revelou que ambos se parabenizaram pela campanha que levou os dois times à final continental. “São os dois clubes mais bem administrados do futebol sul-americano. Tenho certeza de que os torcedores vão presenciar um grande espetáculo”, disse.
Confiança apesar da turbulência - Leila reconheceu que o momento do Palmeiras não é dos melhores, após a derrota para o Grêmio na véspera, que deu vantagem ao Flamengo na briga pelo título do Brasileirão. Ainda assim, reforçou a confiança no técnico Abel Ferreira e reiterou o desejo de manter o treinador e o diretor de futebol até o fim de sua gestão, em dezembro de 2027.
“Independentemente do resultado [da Libertadores], desejo a continuidade do Abel e do diretor de futebol até dezembro de 2027, quando se encerra o meu mandato”, afirmou.
Em sua fala, Leila também respondeu a críticas vindas de parte da torcida e fez questão de separar emoção de racionalidade. “A paixão nunca me tira a razão. Me irrita muito o torcedor querer se mostrar mais do que outro. Demonstro meu amor pelo Palmeiras com respeito. Luto pelo melhor e quero os melhores profissionais conosco”, completou.
Ela ainda comentou sobre sua postura como dirigente e os aprendizados que trouxe do mercado financeiro. “Não sou uma dirigente raiz. Sou racional, sei quando as coisas não estão indo bem. Nunca perco, ou ganho ou aprendo. E quando aprendo, não erro de novo”, disse.
Durante sua participação, Bap também não poupou elogios à gestão de Leila e, principalmente, à estabilidade do técnico Abel Ferreira no clube paulista. “Você vê a estabilidade do Abel no Palmeiras. Não lembro um clube que manteve um treinador há tanto tempo, ainda mais lidando com os torcedores”, comentou.
Segundo ele, entender que o futebol se decide em 90 minutos é essencial para qualquer dirigente. “Quem não entende isso não chega longe no planejamento”, pontuou o presidente do Flamengo.
União pelo fair play financeiro - Além da trégua e dos elogios mútuos, Leila e Bap aproveitaram a ocasião para defender a implementação do fair play financeiro no futebol brasileiro, prevista para 2026. O tema é o principal destaque da edição deste ano do CBF Summit Academy.
Para Leila, o modelo é indispensável para recuperar a credibilidade da gestão esportiva. “Jamais me comprometo com o que não posso cumprir. Quando me tornei presidente, decidi que o futebol não ia tirar minha credibilidade. É injusto disputar com clubes que não pagam ninguém e ainda ganham campeonatos”, afirmou.
Já Bap relembrou os primeiros passos dados pelo Flamengo nesse processo de ajuste financeiro, ainda em 2009. “O clube não cumpria nada do que assinava e isso me trazia vergonha e indignação. Buscar o equilíbrio levou seis ou sete anos, mas foi uma escolha profunda. Se o Flamengo conseguiu, os outros clubes conseguem também”, disse.
A presença dos dois dirigentes no evento mostrou que, apesar da rivalidade esportiva e das recentes divergências nos bastidores do futebol, há espaço para diálogo, respeito e, principalmente, consenso em temas que envolvem o futuro do esporte no Brasil.


