
Um torcedor do Espanyol foi condenado nesta quarta-feira (4) pela Justiça da Espanha por ofensas racistas dirigidas ao atacante Iñaki Williams, do Athletic Bilbao. O episódio aconteceu em janeiro de 2020, durante uma partida contra o Espanyol, em Barcelona. O homem, não identificado publicamente, foi sentenciado a um ano de prisão, além de ter que pagar multa e cumprir proibição de entrar em estádios por três anos.

Apesar da sentença, o acusado não será preso, graças a um acordo judicial que suspende a pena. Ele admitiu ter feito sons e gestos de macaco enquanto Williams deixava o campo, após ser substituído no empate por 1 a 1 entre as duas equipes.
Na época, o Espanyol informou que identificou 12 torcedores envolvidos nos insultos e tomou medidas internas contra eles. Apenas um, porém, foi plenamente identificado pelas autoridades e levado a julgamento. Imagens da transmissão mostraram Iñaki confrontando parte da torcida após ser alvo das ofensas.
A LaLiga, entidade que organiza o Campeonato Espanhol, atuou como parte interessada no processo e reforçou o pedido de punição. Os promotores pediam inicialmente dois anos de prisão.
Este é mais um capítulo recente da luta contra o racismo nos estádios espanhóis. Em maio, cinco torcedores do Valladolid foram condenados por ofensas racistas contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, em episódio ocorrido em 2022. Foi a primeira vez que a Justiça espanhola reconheceu esse tipo de ato como crime de ódio.
Além disso, três torcedores do Valencia foram condenados no ano passado a oito meses de prisão por racismo contra Vinícius, sendo essa a primeira sentença criminal relacionada ao tema no futebol profissional da Espanha, embora sem o enquadramento como crime de ódio.
O atacante Iñaki Williams tem sido uma das vozes mais ativas contra o racismo no futebol europeu. Em janeiro deste ano, uma nova partida entre Athletic e Espanyol chegou a ser interrompida temporariamente após cânticos racistas vindos da arquibancada, desta vez direcionados a seu colega Maroan Sannadi. O árbitro ativou o protocolo antirracismo da LaLiga.
O irmão mais novo de Iñaki, Nico Williams, também foi vítima de racismo em 2023, quando foi chamado de "macaco" por torcedores do Atlético de Madri enquanto cobrava um escanteio.
A Justiça espanhola tem endurecido o tratamento contra o racismo nos últimos anos, com apoio de entidades esportivas e clubes, mas os casos seguem recorrentes nas arquibancadas do país.
