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28 de outubro de 2025 - 14h42
FUTEBOL

Inspirado no Bayern, projeto SAFiel quer 'refundar o Corinthians' para tirar time da crise

Movimento de torcedores lança proposta de SAF popular em que os próprios corintianos seriam donos do clube; modelo busca profissionalizar a gestão e quitar dívidas bilionárias

28 outubro 2025 - 11h01Redação
Evento no Museu do Futebol, no Pacaembu, marcou o lançamento da SAFiel
Evento no Museu do Futebol, no Pacaembu, marcou o lançamento da SAFiel - (Foto: Rodrigo Sampaio/Estadão)
Terça da Carne

Um grupo de torcedores e empresários corintianos lançou oficialmente, nesta terça-feira (28), o projeto SAFiel, uma proposta ambiciosa que pretende transformar o Corinthians em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) controlada pelos próprios torcedores. A ideia foi apresentada em um evento no Museu do Futebol, no Pacaembu, e promete unir modernização e identidade popular para tirar o clube da crise financeira.

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O lançamento ocorre em um momento decisivo para o clube, que enfrenta uma dívida superior a R$ 2,7 bilhões e discute uma reforma estatutária para permitir a criação de uma SAF. A presença do presidente Osmar Stábile era esperada, mas ele precisou cancelar de última hora.

Com versos de Belchior ecoando no som ambiente — “Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro” —, o clima da cerimônia foi de esperança e reconstrução. Para os idealizadores, a SAFiel é uma oportunidade de refundar o clube e romper com o modelo associativo que, segundo eles, contribuiu para a atual crise.

“É um projeto construído a várias mãos, com o compromisso de não perder a alma popular que nos trouxe até aqui. Exige coragem renunciar ao poder individual por um bem maior”, afirmou o empresário Carlos Teixeira, um dos criadores do projeto e porta-voz da iniciativa.

A SAFiel propõe que o Corinthians seja propriedade dos torcedores, que comprariam cotas por meio de uma holding chamada Invasão Fiel. O clube associativo permaneceria como acionista minoritário, recebendo royalties mensais e focando nas modalidades olímpicas.

Proposta da SAFiel prevê participação do torcedor do CorinthiansProposta da SAFiel prevê participação do torcedor do Corinthians - (Foto: Rodrigo Sampaio/Estadão)

“Nosso objetivo é colocar todos os corintianos no centro de tudo — pretos, brancos e pobres. A torcida vai ser dona do time no papel e tratada como tal”, completou Teixeira.

Inspirado no modelo do Bayern de Munique, o projeto propõe uma gestão corporativa e descentralizada, com limitação de poder para evitar controle individual. Cada CPF teria direito a apenas um voto, independentemente do número de ações.

O sistema será administrado por meio de um aplicativo, onde o torcedor poderá acompanhar suas cotas, o valor de atletas e até votar nas decisões da SAF por reconhecimento facial. As transações serão restritas ao próprio ecossistema da SAFiel, garantindo transparência e segurança.

Segundo o advogado Eduardo Salusse, também idealizador do projeto, haverá mecanismos rigorosos de comprovação de origem de recursos e um conselho de administração 100% independente.

“Na SAFiel, dinheiro não compra poder. Queremos um clube que pertença a todos, não a um bilionário”, ressaltou Salusse.

Evento no Museu do Futebol, no Pacaembu, marcou o lançamento da SAFiel Evento no Museu do Futebol, no Pacaembu, marcou o lançamento da SAFiel - (Foto: Rodrigo Sampaio/Estadão)

A SAFiel terá quatro conselhos — Administrativo, Fiscal, Cultural e de Governança —, todos com maioria de membros independentes e remunerados. O comando ficará a cargo de um CEO com metas de resultado, além de diretores de futebol, finanças, marketing e compliance contratados no mercado.

“Queremos restaurar o equilíbrio do Corinthians e devolver dignidade ao Parque São Jorge. A SAFiel é o elo entre evolução e tradição”, afirmou Maurício Chamati, cofundador do Mercado Bitcoin e um dos criadores do projeto.

O evento da SAFiel ocorre um dia após o Corinthians apresentar o anteprojeto de reforma do estatuto, que prevê a possibilidade de criação de uma SAF. O texto impede investidores externos de deterem o controle majoritário e determina que o clube mantenha ao menos 51% das ações, destinando 10% da receita líquida à instituição associativa.

Para os idealizadores da SAFiel, porém, essa limitação pode dificultar a entrada de investidores sérios e o sucesso da proposta. “Se o clube quiser manter o controle total, afasta capital e oportunidades de reestruturação”, avalia Teixeira.

A conselheira Miriam Athié lamentou a ausência do presidente Stábile e pediu diálogo: “Quem critica precisa apresentar uma proposta melhor. Se for para entregar minha carteira pelo bem do Corinthians, eu faço isso.”

Um novo modelo de clube - A SAFiel é vista como um experimento pioneiro no futebol brasileiro, por unir participação popular e estrutura corporativa. O projeto prevê que os torcedores possam investir sem necessidade de corretora, com acesso direto via conta bancária.

A ideia é que o Corinthians volte a ser competitivo, utilizando o aporte financeiro da SAFiel para quitar dívidas, investir em futebol e recuperar protagonismo.

“Não se trata apenas de salvar o caixa, mas de mudar o modelo. O que propomos é um novo começo. Uma virada estrutural para o Corinthians do futuro”, resume Teixeira.

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