
O presidente do Conselho Deliberativo do São Paulo Futebol Clube, Olten Ayres de Abreu Júnior, encaminhou ao Conselho Consultivo a análise preliminar do pedido de afastamento do presidente do clube, Júlio Casares. A medida antecede uma eventual reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, na qual o dirigente poderá apresentar sua defesa formal.
A discussão no Conselho Consultivo está sugerida para o dia 12 de janeiro, data que ainda depende de confirmação. O colegiado é formado por presidentes e ex-presidentes do clube e do próprio Conselho Deliberativo, incluindo o próprio Olten e também Júlio Casares. Embora não tenha poder para barrar ou autorizar o impeachment, o órgão emite uma manifestação que será considerada no debate interno.
A movimentação ocorre dentro do prazo legal para a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo. Olten tem até 30 dias, a contar do protocolo do pedido, para convocar o encontro. Caso não o faça, o vice-presidente do Conselho, João Farias Júnior, terá mais 15 dias para tomar a iniciativa. Persistindo a omissão, a convocação poderá ser feita pelo conselheiro signatário do pedido com mais tempo de associação ao clube.
O pedido de afastamento foi protocolado na terça-feira, dia 23, com 58 assinaturas, número superior às 50 necessárias para dar andamento ao processo. Do total, 13 assinaturas são de conselheiros que integravam a base de apoio de Casares, o que evidenciou o enfraquecimento político do atual presidente. Um segundo movimento, que reuniu 22 integrantes da situação, também defendia o afastamento, mas não avançou.
As acusações contra Júlio Casares envolvem má gestão orçamentária, venda de atletas por valores considerados abaixo do mercado e uso irregular de camarote do estádio em eventos. Esses pontos devem ser detalhados e contestados na eventual defesa do presidente perante o Conselho Deliberativo.
Para que o impeachment seja aprovado, é necessário o voto favorável de dois terços dos conselheiros, o equivalente a 171 dos 255 votos possíveis. Caso esse quórum seja atingido, Casares seria afastado provisoriamente do cargo.
Após a decisão do Conselho, o estatuto prevê a convocação de uma Assembleia Geral de sócios em até 30 dias para ratificar ou não o afastamento. Nessa etapa, a decisão depende apenas de maioria simples dos votos.
Se a destituição for confirmada, a presidência do São Paulo será assumida pelo vice-presidente Harry Massis Junior até o fim do mandato, previsto para 2026. No clube, a escolha do presidente é indireta, feita pelos conselheiros.
Crise política se intensifica no clube - A crise política no São Paulo se aprofundou em meio a um cenário financeiro delicado. Até recentemente, Júlio Casares contava com uma coalizão sólida no comando do clube. A saída de Carlos Belmonte enfraqueceu essa base, embora não tenha impedido a aprovação do orçamento projetado para 2026.
A instabilidade aumentou após o vazamento de um áudio que revelou um esquema irregular de comercialização de um camarote no estádio MorumBis durante shows. Mara Casares e Douglas Schwartzmann, citados na gravação, se afastaram de seus cargos. O Ministério Público de São Paulo solicitou a abertura de inquérito policial, enquanto o clube instaurou sindicâncias internas e externas.
Paralelamente, a Polícia Civil de São Paulo passou a investigar supostos desvios de recursos em negociações envolvendo a venda de atletas. Os episódios ampliaram o desgaste da gestão e fortaleceram a oposição, que passou a articular o pedido de afastamento com foco também no cenário eleitoral de 2026.
Integrantes do Conselho Consultivo - O Conselho Consultivo do São Paulo é composto por nomes históricos do clube, entre eles:
Carlos Augusto de Barros e Silva (Leco);
Carlos Miguel Castex Aidar;
Fernando José P. Casal de Rey;
Ives Gandra da Silva Martins;
José Carlos Ferreira Alves;
José Eduardo Mesquita Pimenta;
Julio Cesar Casares;
Marcelo Abranches Pupo Barboza;
Milton José Neves;
Olten Ayres de Abreu Junior;
Paulo Amaral Vasconcelos;
Paulo Planet Buarque.

