
Com cinco gols marcados e cada vez mais minutos em campo pelo Corinthians, o atacante Gui Negão, de 19 anos, se tornou rapidamente uma das principais apostas da base alvinegra. Porém, mais do que construir uma carreira no futebol, ele quer inspirar. “Às vezes, um menino se inspira na gente não só pelo futebol, mas pela pessoa em si”, afirma o jogador, nascido e criado em Itaquera, zona leste de São Paulo.
A identificação com o torcedor vai além das arquibancadas da Neo Química Arena. Gui representa a essência do corintiano no campo: esforço, humildade e pertencimento. A personalidade, aliada à entrega dentro de campo, já faz do jovem atacante um nome querido pela torcida.
Com passagens pela base da seleção brasileira e contrato até 2030 com o Corinthians, Gui Negão também já desperta o interesse de clubes do exterior, como o Zenit, da Rússia. A multa rescisória gira em torno de R$ 140 milhões. Apesar disso, o foco do garoto está em casa. “Quero fazer história no Corinthians. Não estou com pressa nenhuma de sair. Se um dia tiver que ir, que seja bom pra mim e para o clube.”
Gui Negão reforça vínculo com torcedores e destaca importância do exemplo fora de campo - (Foto: Divulgação/Arena Trionda)
Apesar da visibilidade crescente, Gui mantém o vínculo com suas origens. Mesmo depois de se mudar para o Tatuapé, próximo ao CT Joaquim Grava, ele segue visitando Itaquera. “Eu vou no barbeiro, empino pipa no meio da rua. Quero mostrar para o povo que é possível ser jogador e continuar sendo a mesma pessoa.”
Criado frequentando jogos com o pai, ele fala com orgulho da família. “Ver a felicidade deles com tudo o que está acontecendo é gratificante. Minha alegria é a deles.”
O apelido, aliás, veio antes da fama: “Gui Negão” foi como passou a ser chamado por mães de colegas ainda nas categorias de base. “Já pensei em mudar, mas hoje acho que é o certo. Tem cara de Brasil, tem identidade. Guilherme tem muitos, Gui Negão só tem um.”
Gui tem se preparado para lidar com a pressão da carreira com apoio profissional. Além do técnico Dorival Júnior, ele conta com a psicóloga Anahy Couto, do Corinthians, e um coach pessoal. “Me cobro demais. Quero sempre entrar bem, ajudar o time, honrar essa camisa. A pressão existe, o assédio também, mas estou trabalhando a cabeça para lidar com tudo isso.”
No elenco, se espelha em Yuri Alberto, a quem chama de ídolo e amigo. “Ele sempre ajuda quem está subindo. É gente boa demais. Nunca imaginei jogar ao lado dele.”
Outro nome de quem virou próximo é Memphis Depay, apesar da barreira do idioma. “Deus queira que logo eu consiga soltar um inglês para chamar ele para empinar pipa”, brinca.
Se no Brasileirão o Corinthians tem poucas chances de Libertadores, na Copa do Brasil o sonho segue vivo. Foi justamente nessa competição que Gui Negão brilhou: marcou gols decisivos contra o Athletico Paranaense nas quartas de final e garantiu a vaga na semifinal.
Agora, o desafio é o Cruzeiro. “Jogo grande, clima diferente. Jogar em casa na volta ajuda muito, mas a gente precisa estar forte no Mineirão também. Quero fazer gols. Que vença o melhor – e que o melhor seja o Corinthians”, projeta.

