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De Campo Grande para Paris: a paratleta que superou obstáculos e agora corre nas Paraolimpíadas
A sul-mato-grossense Gabriela Mendonça garantiu sua vaga na final dos 100 metros rasos nas Paralimpíadas de Paris, na categoria T13, que reúne atletas com baixa visão. Ela se classificou com o quarto melhor tempo da sua bateria, marcando 12.76 segundos. Agora, Gabriela se prepara para disputar a medalha na final que acontecerá nesta terça-feira, às 14h (horário de Mato Grosso do Sul).

Logo após a prova classificatória, Gabriela expressou sua gratidão e determinação: "Primeiramente queria agradecer a Deus. Estou muito feliz de estar aqui e conseguir essa classificação. Foi uma prova difícil, mas consegui manter a cabeça no lugar", comentou. Demonstrando foco e confiança para a próxima etapa, ela completou: "Vou sentar com o meu treinador agora, ver o que a gente pode melhorar e bora pra final!"
A expectativa é grande para a final, onde Gabriela espera não apenas competir, mas também superar o desempenho da fase classificatória. "A final tem mais chance ainda. Vou fazer diferente para ter um tempo melhor", afirmou, deixando claro que seu objetivo é buscar um resultado ainda mais expressivo para o Brasil.
O percurso de Gabriela até Paris - A história de Gabriela no atletismo começou ainda na adolescência. Aos 13 anos, ela encontrou nas pistas uma forma de superar os desafios impostos pela vida. Sob a orientação do professor Daniel Sena, começou a treinar com dedicação, mas sua trajetória não foi uma linha reta de sucessos. Lesões, treinos que não rendiam os resultados esperados e, acima de tudo, a frustração de não ter conseguido a classificação para os Jogos Paralímpicos de Tóquio em 2020 quase a fizeram abandonar o esporte. "Esporte não é fácil e nunca será", desabafou Gabriela, refletindo sobre as dificuldades que enfrentou ao longo dos anos.
Essas palavras não são apenas um desabafo, mas um testemunho da realidade de muitos atletas paralímpicos, que, além de lidarem com as limitações físicas, precisam enfrentar a pressão psicológica de manter-se competitivos. Após um período difícil, Gabriela voltou a Campo Grande, sua cidade natal, e retomou os treinos com seu antigo professor. Esse retorno às origens foi essencial para sua recuperação, tanto física quanto emocional. "Foi um recomeço", ela disse, resumindo em poucas palavras o sentimento de ter que reconstruir sua carreira do zero, especialmente após uma reclassificação de categoria que a forçou a se adaptar a novas condições de competição.
A classificação para a final e o cenário competitivo - Na prova classificatória em Paris, Gabriela correu com a determinação de quem tem muito a provar, não apenas para os outros, mas para si mesma. Ficou em quarto lugar na sua bateria, garantindo assim uma vaga na final que acontecerá às 14h (horário de Mato Grosso do Sul). À sua frente, atletas de renome internacional como Orla Comerford, da Irlanda, que liderou a bateria com 12s02, Bianca Borgella, do Canadá, com 12s15, e Kym Crosby, dos Estados Unidos, com 12s41, deixaram claro que a disputa pelo ouro será acirrada.
Entretanto, Gabriela não estará sozinha na final. Outra brasileira, Rayane Soares, se classificou com um tempo impressionante de 11s90, estabelecendo o recorde das Américas. A presença de duas atletas brasileiras na final dos 100 metros é um reflexo da força crescente do Brasil no atletismo paralímpico.
A espera pela final e o que está em jogo - Enquanto a hora da final se aproxima, Gabriela se prepara mental e fisicamente para a prova. Para o público que acompanhará a corrida, talvez seja difícil compreender plenamente o que está em jogo. Para Gabriela, é mais do que uma corrida de 100 metros. É o culminar de anos de trabalho árduo, superação pessoal e, acima de tudo, uma chance de mostrar ao mundo que, mesmo diante de tantas adversidades, é possível se levantar, correr e chegar ao topo.
Um paralelo com Yeltsin Jacques - No mesmo dia em que Gabriela se classificava para a final, outro atleta sul-mato-grossense brilhava em Paris. Yeltsin Jacques, aos 32 anos, conquistou o ouro nos 1.500 metros, quebrando o recorde mundial com um tempo de 3m55s82. Yeltsin, que já havia sido campeão em Tóquio 2020, representa um exemplo vivo do que Gabriela busca: a concretização de um sonho esportivo que transcende as dificuldades e as barreiras impostas pela vida.
Para os moradores de Mato Grosso do Sul e para o Brasil, o desempenho de atletas como Gabriela e Yeltsin não é apenas motivo de orgulho, mas um lembrete de que o esporte pode ser um poderoso instrumento de transformação e resiliência. Enquanto a final dos 100 metros se aproxima, Gabriela Mendonça carrega consigo não só as expectativas de um país, mas também o peso de uma jornada repleta de desafios, na qual cada segundo na pista é um reflexo de anos de dedicação e luta.
