
O presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, planeja uma mudança histórica na estrutura administrativa do clube. Desde 2024, o dirigente estuda alterar o estatuto da equipe para permitir que sócios possam adquirir ações e, assim, abrir espaço para investidores externos no modelo de gestão — algo inédito em mais de um século de história do clube merengue.

Atualmente, o Real Madrid é um dos quatro clubes da elite espanhola controlados diretamente pelos sócios, junto com Barcelona, Athletic Bilbao e Osasuna. Desde sua fundação, em 1902, o clube opera como uma associação sem fins lucrativos, modelo que Florentino considera ultrapassado diante da competitividade financeira de rivais apoiados por grandes grupos de investimento.
“O modelo atual atrasa o desenvolvimento do clube, especialmente no mercado de transferências, onde competimos com times sustentados por aportes bilionários”, afirmou Pérez em reuniões recentes com o conselho.
Mudança depende de aprovação dos sócios - Qualquer alteração na estrutura precisará ser aprovada em Assembleia Geral, com a presença dos sócios, que detêm o poder de decisão no clube. Segundo o jornal The Athletic, a proposta pode ser apresentada oficialmente até o fim de 2025, com a ideia de que o Real Madrid comece a receber investimentos externos sem perder o controle sobre as decisões estratégicas.
Durante a Assembleia Geral de 2024, Pérez já havia antecipado os planos de “reorganização corporativa”, garantindo que os membros continuariam sendo os verdadeiros proprietários.
“Vou dar tudo para que a receita do Real Madrid continue sendo do Real Madrid. Nosso clube deve ter uma estrutura que nos proteja”, declarou o presidente.
Na última temporada, o Real Madrid se tornou o primeiro clube de futebol do mundo a ultrapassar 1 bilhão de euros em receita. Mesmo sem considerar transferências de jogadores, os cofres merengues registraram 1,185 bilhão de euros — o equivalente a R$ 7,5 bilhões na cotação atual.
A marca reforça o poder econômico da instituição, mas também evidencia, segundo Pérez, a necessidade de modernizar o modelo de gestão para manter a competitividade diante de clubes como Manchester City e Paris Saint-Germain, sustentados por fundos de investimento do Oriente Médio.
Modelo semelhante ao da SAF - Uma das alternativas em estudo é a criação de uma estrutura híbrida, semelhante à Sociedade Anônima do Futebol (SAF), adotada por clubes brasileiros como Botafogo, Vasco e Atlético-MG. Nesse modelo, o futebol e o clube social têm administrações independentes, permitindo entrada de capital privado sem interferir diretamente nas atividades associativas.
Se aprovada, a proposta representará a maior transformação institucional da história do Real Madrid, redefinindo a forma como um dos clubes mais tradicionais do planeta se relaciona com seus torcedores e investidores.
