Enquanto os olhos do mundo acompanham os lances decisivos do Mundial de Clubes, uma operação silenciosa age nos bastidores para garantir que os resultados sejam definidos apenas dentro das quatro linhas. A Fifa ativou sua Força-Tarefa de Integridade para monitorar em tempo real o mercado global de apostas durante a competição, com apoio de uma sofisticada tecnologia de rastreamento de fraudes.
O monitoramento é feito pela Universal Fraud Detection System (UFDS), ferramenta desenvolvida pela Sportradar, empresa suíça especializada em tecnologia esportiva. A plataforma cruza algoritmos de inteligência artificial com análise humana para detectar comportamentos anormais em apostas esportivas.
Leitura de padrões em tempo real - Segundo a Sportradar, a UFDS processa mais de 3.500 dados por segundo, com base em mais de 100 variáveis por partida. A cada minuto, o sistema analisa mudanças nas odds — as probabilidades de um resultado ocorrer — a partir de informações fornecidas por mais de 600 operadores de apostas ao redor do mundo.
Esses dados são anônimos e consideram aspectos como volume apostado, horários e recorrência de padrões. Quando algum comportamento foge ao esperado, uma equipe de analistas é acionada para revisar os registros. Caso o risco seja confirmado, a partida entra no radar da Fifa como "suspeita".
Mais de 120 casas de apostas estão conectadas à plataforma Sportradar Integrity Exchange (SIE), que também abastece o sistema com alertas e cruzamentos adicionais. Os dados são compartilhados com a Força-Tarefa de Integridade da Fifa, composta por especialistas e representantes de entidades internacionais ligadas à proteção do esporte.
Semanas antes do início do Mundial, o grupo se reuniu em Miami para alinhar protocolos de ação, discutir possíveis ameaças e testar métodos que serão fundamentais na Copa do Mundo de 2026. A competição atual serve como laboratório prático para simular situações de risco e ajustar ferramentas de resposta em grande escala.
No país, a Sportradar mantém parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e 17 federações estaduais. De acordo com a empresa, mais de 10 mil partidas são monitoradas por temporada. Esse esforço, afirma a companhia, contribuiu para uma queda de 48% no número de jogos com indícios de manipulação no Brasil.
