
A trajetória de Endrick no Real Madrid pode ter uma pausa antes mesmo de engrenar. Sem entrar em campo desde maio e com poucas chances sob o comando de Xabi Alonso, o atacante de 19 anos deve ser emprestado na próxima janela de transferências, em janeiro de 2026. Clubes da Inglaterra, França e Itália já procuraram o estafe do jogador, que começa a considerar uma saída temporária.
O cenário atual contrasta com o início promissor vivido com Carlo Ancelotti, responsável por sua integração direta ao elenco principal — diferente de outros jovens brasileiros como Rodrygo e Vinicius Júnior, que começaram no time B (Castilla). Endrick atuou em 37 partidas na temporada passada, marcou sete gols e foi destaque na campanha da Copa do Rei.
Sem minutos e em queda no elenco - A situação começou a mudar com a chegada de Xabi Alonso, após a saída de Ancelotti para assumir a seleção brasileira. Recuperando-se de lesão no início da atual temporada, Endrick perdeu espaço para outros jovens como Arda Güler e Gonzalo García. Desde que voltou a ficar disponível, em setembro, foi relacionado para sete partidas, mas não entrou em campo em nenhuma delas.
Apesar de ter herdado a camisa 9 — que era de Kylian Mbappé, agora dono da 10 após a saída de Modric —, Endrick disputa posição justamente com o francês e com Gonzalo, ambos utilizados com frequência por Xabi.
“Ele precisa estar preparado para o momento e o contexto de cada partida. Tanto ele quanto Gonzalo e Brahim Díaz. Eles entrarão em campo, porque há muitas partidas”, disse o técnico espanhol, em entrevista à TNT Sports. Ainda assim, o discurso não se reflete em oportunidades concretas.
A falta de minutos tem consequências diretas: além de dificultar sua adaptação ao futebol europeu, o momento atrapalha o sonho de Endrick de integrar a seleção brasileira na próxima Copa do Mundo. Por isso, seu estafe já avalia a possibilidade de um empréstimo no meio da temporada.
O Olympique de Marselha, da França, é um dos clubes que manifestou interesse recente. O West Ham, da Inglaterra, tentou levá-lo no fim da última temporada, mas a proposta foi recusada pelo próprio jogador, que preferia permanecer no Real. Agora, diante da nova realidade, a saída por empréstimo volta ao radar.
Segundo apurou o Estadão, não há chance de retorno ao Brasil neste momento. A prioridade do jogador e de seu entorno é mantê-lo em um ambiente europeu competitivo, mas onde tenha mais tempo em campo.
Impacto no Palmeiras e cláusulas milionárias - A eventual transferência por empréstimo também afeta o Palmeiras, clube que revelou Endrick. A venda foi fechada em 2022 por um valor fixo de 35 milhões de euros (cerca de R$ 199 milhões). Desde então, o clube paulista já recebeu outros 545 mil euros (R$ 3,3 milhões) por metas atingidas pelo jogador.
Mas ainda há cláusulas que podem render até 12 milhões de euros extras — valores condicionados ao desempenho contínuo de Endrick com a camisa merengue. Caso ele seja emprestado, parte dessas metas pode não ser cumprida, reduzindo o retorno financeiro ao Verdão.
A mudança de panorama é drástica. Com Ancelotti, Endrick era tratado como peça estratégica. “É certo que quando chegar, estará no elenco principal. Sobre isso não existem dúvidas”, afirmou o treinador italiano em 2024. Ancelotti bancou sua utilização desde o início, ao contrário da tradição do clube com atletas jovens.
No entanto, a troca de comando mudou as prioridades. Xabi Alonso tem dado espaço a outros nomes e, mesmo após a recuperação física do brasileiro, não indicou pretensão de integrá-lo de forma consistente ao time.
Agora, o jogador se vê diante de uma decisão estratégica: insistir no Real, mesmo sem minutos, ou aceitar um novo destino por empréstimo, com mais chances de jogar e manter-se visível no cenário internacional.

