
No bairro Aero Rancho, em Campo Grande, um grupo de atletas treina três vezes por semana. Entre eles está Dalton Andrade, de 23 anos. Ele corre rápido. Muito rápido. Seu melhor tempo nos 100 metros rasos é 12s08. Mas o que chama atenção não é só a velocidade. É com quem ele treina: Yeltsin Jacques, bicampeão paralímpico e um dos principais nomes do atletismo adaptado no Brasil.

Yeltsin tem 33 anos. Mora em Campo Grande, mas passa boa parte do ano viajando para competir. Quando está na cidade, treina no Parque Ayrton Senna. E é ali que encontra Dalton. Os dois correm na mesma pista, cada um com sua técnica. Yeltsin corre longas distâncias. Dalton é velocista. Mas mesmo com ritmos diferentes, trocam experiências e apoio.

“Yeltsin é muito respeitado. Ele venceu muita coisa com esforço e sempre que pode está aqui com a gente. Ele dá conselhos e incentiva. É um cara tranquilo, parceiro”, conta Dalton.
Dalton faz parte da Associação Sprint Social, projeto do professor Daniel Sena. Foi na escola que ele começou a correr, por convite. Não tinha experiência, mas topou participar dos jogos escolares. Depois voltou, treinou mais, e não parou mais.
Yeltsin lembra do começo da relação. “Conheço o Dalton desde que essa pista foi inaugurada, em 2020. Ele é muito bom. Um velocista com muito talento. Vai crescer muito ainda”, diz.
O próximo desafio de Dalton será no dia 12 de outubro: a Corrida do Pantanal, prova conhecida pela inclusão de atletas com deficiência. Apesar de estar acostumado com provas curtas, ele vai correr 10 km. “Minha panturrilha já está doendo só de pensar”, brinca.
Dalton continua treinando firme. Quer representar o Brasil nas Paralimpíadas de Los Angeles, em 2028. Até lá, tem chão pela frente. Mas ele vai seguir correndo. E, sempre que der sorte, terá Yeltsin na pista ao lado.
