
O Corinthians enfrenta mais uma crise fora de campo, agora envolvendo denúncias de uso irregular do cartão corporativo por antigos presidentes do clube. O Conselho Deliberativo iniciou uma apuração formal sobre os gastos de Andrés Sanchez durante o seu mandato, além de irregularidades atribuídas à gestão de Duílio Monteiro Alves. Para complicar, parte da documentação das despesas sumiu da sede do clube.

A investigação começou após virem a público registros de compras feitas por Andrés no fim de 2020, durante uma viagem a Tibau do Sul (RN). Na época, ele ainda era presidente do Corinthians e gastou R$ 9.416 com o cartão do clube entre os dias 28 de dezembro e 2 de janeiro de 2021. O caso ganhou repercussão após a fatura do cartão vazar nas redes sociais.
Sanchez se defendeu dizendo que a confusão ocorreu por ele e o clube serem clientes do mesmo banco, o Santander. Segundo ele, houve engano no uso do cartão, mas o valor já teria sido ressarcido, o ex-presidente afirma ter devolvido R$ 15 mil.
No último dia 19 de julho, o Corinthians registrou um boletim de ocorrência denunciando o desaparecimento de documentos que controlavam os gastos do clube nos últimos sete anos. A ausência dos registros foi percebida após o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., determinar a preservação desses materiais.
A suspeita é que os documentos tenham sumido após a confusão ocorrida em 31 de maio, quando o então presidente afastado Augusto Melo apareceu no Parque São Jorge alegando decisão favorável para retomar o cargo. Na ocasião, houve tumulto e a Polícia Militar precisou ser acionada. Apesar disso, a presidência interina de Osmar Stabile foi mantida.
O Conselho agora avalia unificar todos os pedidos de investigação em um único processo para agilizar a apuração. “Nada deixará de ser examinado. Garantiremos ordem, segurança jurídica e celeridade”, afirmou o comunicado oficial do órgão.
A atual investigação ganhou novos capítulos com a divulgação de que a gestão de Duílio Monteiro Alves, sucessor de Andrés, também teria utilizado recursos do clube para despesas pessoais. Segundo reportagem do GE, foram R$ 86.524,62 em 176 compras feitas durante 36 dias de prestação de contas.
Os gastos chamam atenção: medicamentos para disfunção erétil, cerveja, picanha, flores, doces, isqueiros, brinquedos e produtos de limpeza foram identificados nas notas fiscais. Há também registros de compras feitas em mercados e farmácias em diferentes cidades, como Fortaleza (CE), onde foi feita a compra dos medicamentos citados.
Em resposta, Duílio alegou não ter tido acesso oficial aos documentos e acusa manipulação com fins políticos. “Diante da grosseira manipulação de supostas planilhas da minha gestão, requisitei ao clube acesso aos documentos para verificar a veracidade. Até agora, não fui atendido. Só me manifestarei quando isso acontecer”, declarou.
O ex-presidente também prometeu acionar judicialmente os responsáveis por publicações que, segundo ele, “distorcem ou divulgam conteúdos falsos”.
Augusto Melo, afastado, também é alvo de inquérito criminal
Além das investigações internas, o presidente afastado Augusto Melo também enfrenta problemas na Justiça. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por crimes como lavagem de dinheiro, furto qualificado e formação de organização criminosa, todos ligados ao chamado "Caso Vai de Bet".
A defesa de Augusto alega vícios processuais e tenta anular a denúncia, afirmando que a investigação foi direcionada de forma irregular. Ele nega todas as acusações.
Com o sumiço de documentos, denúncias contra três ex-presidentes e o desgaste político interno, o Corinthians enfrenta uma crise institucional sem precedentes. A combinação de suspeitas de má gestão financeira e instabilidade jurídica pressiona a atual administração, que tenta reorganizar a casa no meio de uma temporada já difícil dentro das quatro linhas.
A expectativa é de que as apurações avancem nos próximos dias com a unificação dos processos investigativos, mas o cenário aponta para mais turbulência no Parque São Jorge.
