
A temporada de 2025 no São Paulo Futebol Clube não foi marcada apenas por tropeços dentro de campo, mas também por uma grave crise nos bastidores do departamento médico (DM). Um racha interno entre profissionais da saúde, divergências sobre protocolos e até o uso polêmico de medicamentos como o Mounjaro resultaram em mais de 70 ausências de atletas por problemas físicos, conforme revelou nesta sexta-feira (12) o portal UOL.
O episódio mais controverso envolveu o nutrólogo Eduardo Rauen, que prescreveu o remédio — conhecido como "caneta emagrecedora" — a dois jogadores, sem o conhecimento de outros membros da área médica. O medicamento tem indicação formal para pessoas com IMC acima de 27,5 e com comorbidades, mas o mal-estar foi agravado por Rauen indicar um fornecedor com embalagem em inglês, sugerindo origem internacional não confirmada.
Apesar dos resultados clínicos positivos, o caso escancarou a falta de integração entre os profissionais do clube, que atuavam com protocolos e visões conflitantes sobre prevenção e reabilitação de lesões. O ambiente considerado “insustentável” motivou uma reestruturação no setor de saúde para 2026, com demissões e tentativa de recompor a identidade do clube na área.
Segundo avaliação interna, parte das lesões foi causada pelo desequilíbrio na carga de treinamento, agravada pela postura passiva de fisiologistas e preparadores, que evitavam contrariar a comissão técnica. A falta de protagonismo técnico e a ausência de uma liderança unificada aprofundaram a crise.
O superintendente Márcio Carlomagno reconheceu os erros: “2025 serviu de exemplo de como não devemos trabalhar”. A solução passa por dar mais autonomia a Rauen e integrar o recém-criado setor TecFut, que cuida da parte metabólica, nutrição e suplementação, ao restante do departamento médico.
A instabilidade no DM não é recente. Em 2021, o presidente Julio Casares anunciou uma reformulação que incluiu a criação de um conselho médico, com nomes como Turíbio Leite de Barros e Kaká, que renunciaram após tentativa de controle por parte da Divisão de Excelência Médica (DEM), em 2022.
Desde então, o clube viveu um ciclo de saídas importantes, como o fisioterapeuta Ricardo Sasaki (2022) e o médico Tadeu Moreno (2023). Mesmo com os problemas internos, o São Paulo continuou recorrendo a especialistas externos, como o ortopedista Moisés Cohen, responsável por casos como o do meia Lucas Moura, que ainda enfrenta dores crônicas no joelho.
Para 2026, o clube aposta na reconstrução do setor, reconhecendo que a desorganização interna teve impacto direto na performance esportiva e na saúde do elenco.

