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17 de novembro de 2025 - 23h47
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ESCÂNDALO NO FUTEBOL

Corinthians ficou sem uniforme por falhas em estoque e suspeita de desvio de materiais

Auditoria aponta má gestão e retirada irregular de camisas; clube teve que jogar de uniforme reserva por falta de peças principais

17 novembro 2025 - 22h00Bruno Accorsi e Rodrigo Sampaio
Almoxarifado do Corinthians no Parque São Jorge está em condições precárias, diz auditoria. Clube não faz inventário há quatro anos.
Almoxarifado do Corinthians no Parque São Jorge está em condições precárias, diz auditoria. Clube não faz inventário há quatro anos. - (Foto: Reprodução/Corinthians)

A crise interna no Corinthians ganhou mais um capítulo grave. Uma auditoria contratada pelo clube revelou que a má gestão e a falta de controle no estoque de materiais esportivos levaram a episódios constrangedores, como a ausência de camisas suficientes para o time principal em uma partida oficial. O relatório ainda aponta desvios de uniformes e comércio ilegal de produtos Nike dentro da própria instituição.

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O caso mais emblemático ocorreu em 13 de setembro, quando o Corinthians enfrentou o Fluminense no Maracanã. O time paulista venceu por 1 a 0, mas precisou usar seu uniforme reserva, na cor preta, porque não havia peças suficientes do uniforme principal, branco, para todos os jogadores.

De acordo com a auditoria, a decisão de utilizar os uniformes reservas partiu de um pedido de urgência feito pelo gerente administrativo Rafael Salomão à Nike, que não conseguiu atender a demanda por causa do prazo logístico. A solução foi negociar com a diretoria do Fluminense, que autorizou o uso dos uniformes reservas por ambas as equipes.

O episódio foi descrito como consequência direta da "ausência de critérios técnicos e de planejamento" na solicitação e controle dos materiais fornecidos pela Nike. O documento aponta que, em janeiro de 2025, o Corinthians fez um pedido “excessivo”, com aproximadamente 20 mil itens, mas ainda assim enfrentou escassez de materiais essenciais, como as camisas principais de jogo.

A auditoria, determinada pelo presidente Osmar Stábile, identificou um quadro de desorganização e possíveis desvios, inclusive com indícios de comércio irregular de materiais do clube. Um dos alvos das investigações é o vice-presidente Armando Mendonça, citado como responsável pela administração dos estoques da Nike e apontado como principal suspeito de retiradas indevidas.

Segundo o relatório, Mendonça aparece vinculado à retirada irregular de 131 itens, sem justificativas documentais. Além disso, um funcionário do clube foi flagrado vendendo camisas oficiais do Corinthians por Pix de R$ 300,00. A transação foi comprovada após uma compra controlada realizada pelos auditores em outubro de 2025. O funcionário confessou o ato.

Mendonça negou qualquer responsabilidade direta sobre a distribuição dos materiais e afirmou, em nota, que não é e nunca foi sua função definir políticas internas de alocação de uniformes. Ele atribuiu o descontrole à gestão anterior, do ex-presidente Augusto Melo, afirmando que apenas buscava colaborar para melhorar o sistema de retirada com transparência.

"Minha função é a de analisar os pedidos extras e autorizá-los de acordo com as necessidades, juntamente com o departamento administrativo", declarou.

O relatório, com 94 páginas, foi encaminhado pela presidência do clube ao presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, que já o repassou à Comissão de Justiça para análise e elaboração de parecer. A expectativa é que os envolvidos sejam convocados para prestar esclarecimentos.

O escândalo chegou também ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP). O promotor Cássio Roberto Conserino, que investiga o uso indevido de cartões corporativos por ex-dirigentes do clube, solicitou a abertura de inquérito na Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) para apurar os desvios de materiais esportivos.

As investigações poderão levar a responsabilizações criminais e administrativas, além de medidas internas no clube, incluindo suspensões e eventuais expulsões de conselheiros ou dirigentes envolvidos, conforme as apurações avancem.

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