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CRISE FINANCEIRA

Corinthians acumula quase R$ 93 milhões em dívidas e pode sofrer novas punições da Fifa

Após sofrer transfer ban por débito com Santos Laguna, clube pode ter punições agravadas por reincidência em outros três casos

13 agosto 2025 - 19h30Agência Estado
Corinthians deve ao Talleres pela contratação de Rodrigo Garro, em 2024.
Corinthians deve ao Talleres pela contratação de Rodrigo Garro, em 2024. - (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

O Corinthians vive um dos momentos mais delicados de sua gestão financeira recente. Após ser punido nesta terça-feira (13) com um transfer ban pela Fifa devido à dívida com o Santos Laguna na contratação do zagueiro equatoriano Félix Torres, o clube paulista agora encara a possibilidade de ver sua situação se agravar nos próximos meses, caso não regularize outros compromissos financeiros.

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De acordo com documentos da Fifa e informações apuradas nos processos em andamento, o Corinthians está envolvido em quatro disputas financeiras internacionais, cujas condenações já somam R$ 92,8 milhões. Caso o clube não quite os valores, poderá sofrer novas sanções, inclusive a ampliação do bloqueio de registro de atletas — já em vigor.

A entidade máxima do futebol alerta que a reincidência nas infrações contratuais é considerada uma "circunstância agravante" e pode levar à aplicação de punições mais severas.

Além do caso com o Santos Laguna, pelo qual o clube já foi punido, há outros três processos em análise pela Corte Arbitral do Esporte (CAS):

  • Matías Rojas (ex-meia, hoje no Inter Miami):

    • Valor: R$ 40.397.726

    • Motivo: Rescisão unilateral de contrato após atrasos salariais.

  • Talleres (ARG), pela contratação de Rodrigo Garro:

    • Valor: US$ 4.334.400 (aproximadamente R$ 23,35 milhões)

    • Motivo: Pagamento não realizado ao clube argentino pela transferência do meia.

  • Shakhtar Donetsk (UCR), pelo empréstimo de Maycon:

    • Valor: € 1,075 milhão (cerca de R$ 6,76 milhões)

    • Motivo: Dívida relacionada ao empréstimo do volante.

No caso mais recente, com o Santos Laguna, a dívida refere-se à contratação de Félix Torres no início de 2024. O Corinthians acertou o pagamento de US$ 6,145 milhões (R$ 33,12 milhões), mas quitou apenas a primeira parcela, de US$ 2 milhões (R$ 10,8 milhões). Com o atraso, a Fifa determinou o impedimento imediato de registro de novos jogadores, o chamado transfer ban.

Atualmente, o clube está proibido de registrar reforços por três janelas de transferências, incluindo a atual, que se estende até setembro. Caso não regularize o débito com o Santos Laguna a tempo, o bloqueio seguirá até o final de 2026. A punição, segundo o regulamento da Fifa, é suspensa automaticamente caso a dívida seja quitada.

No entanto, a situação pode piorar. Como os outros casos tramitam de forma independente, novas punições podem ser aplicadas separadamente, o que pode estender ainda mais o período de sanções.

A reincidência em pendências financeiras internacionais é malvista pela Fifa. Em seu código disciplinar, a entidade informa que clubes que acumulam decisões desfavoráveis e não demonstram disposição para acordo podem receber punições agravadas, inclusive com proibição prolongada de registro e sanções financeiras adicionais.

O Corinthians se junta agora a uma lista global que já inclui mais de 900 clubes punidos com transfer ban, segundo dados do sistema da Fifa. No Brasil, além do clube alvinegro, estão na lista Paysandu (PA), Ipatinga (MG), Colorado Atlético Clube (PR) e o Real Brasília (DF), este no futebol feminino.

O impacto esportivo das punições é imediato: o clube não poderá inscrever reforços nas próximas janelas, o que compromete a reestruturação do elenco. A diretoria vinha negociando reforços para o segundo semestre, mas o transfer ban impede qualquer movimentação oficial, mesmo em caso de jogadores livres no mercado.

Caso o Corinthians quite a dívida com o Santos Laguna nas próximas semanas, a punição atual será suspensa, e o clube poderá registrar jogadores normalmente a partir da próxima janela. Entretanto, se as outras três pendências forem julgadas procedentes e não houver pagamento, novos bloqueios podem ser impostos logo em seguida.

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